“Há uma série de benefícios que a Lei Aldir Blanc traz, primeiramente, ao fomento às mais diversas linguagens artísticas, projetos culturais através de leis de incentivo aqui em nosso estado, que só beneficia, em sua grande maioria, aqueles que têm conhecimento com empresários. Raramente alguém consegue furar essa premissa. Por estarmos longe de onde as indústrias do entretenimento têm suas sedes, dificulta a massificação dos nossos artistas, mesmo com o advento da internet, ainda temos que migrar para o sudeste para ter uma maior visibilidade”, afirma o empresário e produtor cultural Chico Bethoven, que há 23 anos atua neste segmento, ao longo dos anos ele já participou de produções regionais, nacionais e internacionais.
Chico Bethoven que também é músico há 39 anos, reflete sobre os talentos norte-rio-grandenses, que, por vezes, não são tão valorizados quanto deveriam. Ao lado de Jubileu Filho e sua filha Luna Hesse, a Beju Produções já gerenciou diversos artistas como Alphorria, Perfume de Gardênia, Frevo do Xico, Choro do Elegante, por exemplo. “O RN é um celeiro de grandes artistas, mas pouquíssimos se destacam nacionalmente, há um bloqueio por parte dos próprios artistas em valorizar o trabalho do outro e a falta de autoestima do público com os seus próprios artistas, só dão o devido valor quando aparecem em rede nacional”.
O produtor e artista explica que é necessário que, de forma urgente, os artistas e os produtores culturais do RN atraiam a atenção das empresas multinacionais para o fomento cultural em todo o estado: “É algo que já vem sendo feito principalmente pela galera do teatro e cinema. Para isso, temos que ter mais empatia com o trabalho do outro e empresas que apontem produtos culturais pelo seu valor estético e não por simples e pura amizade”.
Para o empresário e produtor, Jomardo Jomas, que há 25 anos trabalha no segmento cultural, os maiores desafios da promoção da cultura no RN, são os custos e a captação de patrocínio que possibilitem a execução dos projetos.
“Temos excelentes projetos e o estado é referência, mas mesmo assim ainda temos um desafio em conseguir viabilizar todos, mesmos aprovados pelas leis de incentivos. É fundamental o incentivo cultural porque estamos num estado pequeno onde as marcas dificilmente investem verba direta em grande escala nos projetos que aqui acontecem, mesmo muitos desses projetos reconhecidos nacionalmente”.
Desde 1998, Jomardo Jomas produz eventos de grande destaque regional e até mesmo nacional, como por exemplo o Festival Música Alimento da Alma (MADA), que a 25ª edição realizada este ano, além do Curta Natal realizado até 2010 e o GGCON (Games e Cultura Geek).
“O incentivo existe, mas a captação não é um processo fácil, o que temos que viabilizar o quanto antes são os fundos de cultura, que com esses fundos muitos projetos poderão ser viabilizados, principalmente projetos que não têm algum apelo comercial que interessam aos patrocinadores. Sem dúvida, com a LAB se tornando política cultural e garantida até 2027, cobrirá uma lacuna dos fundos de cultura, já que beneficiará inúmeros projetos e produtores”.
Ministério da Cultura destinará quase R$ 30 milhões de incentivos culturais ao RN
Os valores destinados a incentivos culturais no RN serão executados em 2024 e a medida faz parte da Política Nacional Aldir Blanc, que passa agora a ser um programa permanente. O produtor cultural Fábio Lima é coordenador do escritório estadual do Ministério da Cultura no Rio Grande do Norte e destacou as mudanças que irão acontecer após essa lei permanente, divulgada no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (30).
“O Programa Nacional Aldir Blanc será fundamental para o fomento da cultura potiguar. Serão cerca de 68 milhões divididos entre estados e municípios, e isto irá fomentar a produção cultural local, assim como criar projetos mais estruturantes, como os espaços, os CEUS da cultura, em zonas que nunca antes tiveram equipamentos culturais, reativar a rede estadual de pontos de cultura. Enfim, a lei, a médio e longo prazo, irá beneficiar a produção cultural brasileira e a potiguar. É o maior programa de financiamento da cultura”.
A PNAB prevê recursos para chamamentos públicos, prêmios, aquisição de bens e serviços vinculados ao setor, destinado a áreas de manutenção, formação, iniciativas, performances, economia solidária, manifestações culturais, programas e atividades artísticas, do patrimônio cultural e de memória, por exemplo.
Para o recebimento dos recursos é necessário o cadastramento dos planos de ações com informações e metas previstas na plataforma TransfereGov. As informações servirão de base para o Plano Anual de Aplicação dos Recursos (PAAR). A partir desta segunda-feira (31), estados, municípios e Distrito Federal já podem enviar os planos de ação. No portal do MinC é possível acessar o site da PNAB.