Distante cerca de 380 quilômetros de Natal/RN, está o município de São Francisco do Oeste, na Região do Alto Oeste Potiguar, que tem uma população estimada em 4.281 habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O lugar é uma das sete cidades do Rio Grande do Norte que aderiram, em janeiro de 2023, ao projeto piloto que marca a ampliação do uso da plataforma RN Mais Vacina para as chamadas vacinas de rotina, aplicadas em crianças e adolescentes. Com a ampliação, o RN Mais Vacina passa a monitorar 19 tipos diferentes de imunizantes que incluem, entre outras, a vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV), além da usada para prevenir a Tuberculose (BCG), da Pentavalente e da Vacina Tríplice Bacteriana (DTP).
Com a adesão à plataforma, o município apresentou 100% de cobertura vacinal no Indicador do Programa Previne Brasil que contabilizada a proporção de crianças de um ano de idade vacinadas na Atenção Primária (APS) contra Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B, infecções causadas por haemophilus influenzae tipo b e Poliomielite inativada.
As metas alcançadas nas demais cidades piloto também surpreenderam. Além de São Francisco do Oeste, Tibau (81%), São Gonçalo do Amarante (76%), Passagem (83%), Lajes Pintadas (68%), Jandaíra (72%) e Currais Novos (71%) alcançaram desempenho satisfatório, entre bom e ótimo.
De acordo com o pesquisador do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde, Fernando Lucas Oliveira, o bom desempenho no indicador para vacinas de rotina, reitera a robustez das rotinas de interoperabilidade da plataforma RN Mais Vacina, “que vem se consolidando no SUS como referência nacional na integração com diversos sistemas de informação mantidos pelo Ministério da Saúde, entre eles os usados pelo Programa Nacional de Imunização”.
As informações consolidadas nessa experiência foram divulgadas pelo Programa Previne Brasil que gerencia um modelo de financiamento focado em aumentar o acesso das pessoas aos serviços da Atenção Primária e o vínculo entre população e equipe. Para o diretor executivo do LAIS/UFRN, Ricardo Valentim, esse resultado significativo mostra a segurança, transparência e maturidade relevância do Ecossistema Tecnológico do RN Mais Vacina no envio dos dados para bases nacionais do ministério da saúde, pois garantiu que o município registrasse no Programa Previne Brasil, 100% de cobertura vacinal.
“A ferramenta tem proporcionado recursos estratégicos aos municípios, desde monitoramento inteligente das coberturas vacinais na rotina, incluindo a busca ativa das crianças e adolescentes com esquema vacinal, com integração e transparência. A plataforma RN Mais Vacina tem representado uma nova experiência em termos de sistemas de informação para imunização no SUS, reconhecida nacionalmente, o que demonstra a importância destes sistemas de informação em saúde na qualificação dos dados e na transparência, tanto para o gestor público, como também para o controle social”, enfatizou Valentim.
Para De acordo com o pesquisador do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), Fernando Lucas de Oliveira, que acompanhou esse processo de implantação do “RN Mais Vacina na Rotina”, a plataforma que registrava apenas os dados em relação às vacinas contra a covid-19, a paralisia infantil, o sarampo e influenza, teve suas funcionalidades ampliadas para a população desses municípios.
“A ideia é chegar a mais de 50 tipos de vacinas nos próximos meses, isso mostra a robustez da Plataforma RN Mais Vacina como referência nacional no SUS e a consolidação do sistema como ferramenta em monitoramento inteligente, integração e transparência no processo de imunização que garante a transparência e o auxílio aos gestores públicos de saúde nesse processo”.
Cobertura Vacinal
A Secretária de Saúde de São Francisco do Oeste/RN, Poliana Alves Porfirio, celebrou os bons resultados: “através do sistema e com o apoio dos agentes comunitários de saúde, foi possível identificar quem estava com doses em atraso e fazer um chamamento, alcançando sucesso na cobertura vacinal”.
Para garantir o êxito na expansão do uso da plataforma, foram criados critérios, com o fato de representarem as regionais de saúde de todo o estado e contar ter acesso à internet nas salas de vacinação, além do interesse dos gestores municipais.
“Com o RN Mais Vacina, houve uma melhoria no acesso aos dados de vacinação, os municípios têm esse acesso com mais rapidez e esse registro oportuno eleva as nossas coberturas vacinais”, explica a coordenadora do Programa Estadual de Imunização, Laiane Graziela.
Ainda segundo o diretor executivo do LAIS/UFRN, “o objetivo é que todos os potiguares sejam imunizados adequadamente, aspecto importante para prevenir doenças e melhorar a saúde da nossa população. Também, é um direito de todos ter sua carteira de vacinação digital no RN Mais Vacina e não precisar mais usar um pedaço de papel que, facilmente, pode se perder e deixar o cidadão sem saber quais vacinas tomou, algo que, infelizmente, ainda ocorre”, concluiu Valentim.
RN Mais Vacina
A plataforma RN Mais Vacina é um dos sistemas pioneiros no país desenvolvido, especificamente, para a gestão, controle, fiscalização e execução da campanha de vacinação contra a covid-19 e que está em fase de expansão para atender a todo o esquema vacinal disponível no Sistema Único de Saúde brasileiro. O sistema é resultado de uma parceria entre o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), Secretaria de Saúde do RN (SESAP) e Ministério Público do RN.
Em recente visita ao Rio Grande do Norte, o diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti, teve oportunidade de conhecer a plataforma e toda a sua aplicabilidade, em um sistema de interoperabilidade com os sistemas nacionais. Gatti ressaltou as vantagens de se ter uma plataforma como a criada pelo LAIS, ressaltando a possibilidade de se expandir a experiência potiguar para todo o país. “A ferramenta usada aqui, no Rio Grande do Norte, atende as demandas locais, o que é muito importante, e o Brasil precisa olhar pra ela com muita atenção, pois eu tenho certeza de que o RN Mais Vacina tem muito a oferecer e o Brasil tem muito a aprender com ela”, destacou.