A Coragem do Povo Mossoroense no Enfrentamento ao Cangaço. Maio de 1912: alarme em Mossoró
Comerciantes da Paraíba e Pernambuco chegavam a Mossoró contando estórias das lutas sangrentas de Antônio Silvino.
Populações interioranas não tinham sossego. Ausência de Força Pública deixava campo livre aos marginais, o que levou seus cidadãos no enfrentamento ao cangaço.
Boatos na Zona Oeste eram frequentes e alarmantes. Autoridades pediam garantias ao Governo. A remessa de tropas de Natal levava tempo. Seria feita por via marítima até Areia Branca. Subiam o rio Mossoró ao porto de Santo Antônio. Depois prosseguiam, a pé, à Cidade de Mossoró.
Gastariam em todo trajeto quase um mês.
A mobilidade no Oeste exigia grande decisão das escoltas, que, além de mal pagas, enfrentavam incessantes problemas.
O ano de 1912 foi de sobressaltos.
Em maio, certo cavaleiro vindo do interior, contou aos chefes mossoroenses que tinha visto um cangaceiro de Antônio Silvino, a dois quilômetros, no bairro Alto da Conceição.
Em pouco tempo, frente ao prédio do jornal “O Mossoroense”, a multidão agitada procurava notícias. O comércio cerrou as portas. Corre-corre nas ruas. O delegado Tenente Candido Gomes, da Guarda Nacional, comandava as forças existentes. O Tiro-de-guerra formou.
A firma Tertuliano Fernandes abriu caixotes de rifles e armava quem desejasse defender a cidade.
Lembramos os jovens Lourival Brasil, Elias Fernandes, Bernardo Coutinho, Joaquim Marques, José Carvalho, Alfredo Castro, Quincas e Joca do Cravo.
O destacamento saiu decidido a prender o bandoleiro. No Alto da Conceição, o Tenente entrou na modesta estalagem e deteve o hóspede.
— Seu Delegado, o senhor está enganado, eu não sou cangaceiro.
Nenhuma explicação demoveu o militar.
— Você vai dizer onde está Antônio Silvino! Sei que veio a Mossoró espionar. Se não disser onde ele se encontra, continuará preso.
Assim, foi levado à cidade.
Por sorte, um comerciante o reconheceu, desfazendo o incidente. Tratava-se do seu freguês de Alexandria, que viera fazer compras.
Com informações e imagem livro: Antônio Silvino no RN – Raul Fernandes
Pesquisa e Edição: Ricardo Tersuliano – Historiador Independente – colaborador do Blog do Cobra.