Por Larissa Barbosa
“O que está faltando no Walfredo é real! É papel toalha, é sabão, é luvas, é álcool 70% que não tem para lavar as mãos, e muitos antibióticos. Não tem aparadeira para o paciente fazer xixi, não tem suporte de soro, copo descartável…” O desabafo é de Maria Lúcia da Silva, Diretora do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Saúde do Rio Grande do Norte (SindSaúde RN), e servidora do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel há 27 anos.
Nos últimos dias, além dos inúmeros avisos de greve, a fachada do hospital também foi tomada por uma extensa lista denunciando a falta dos suprimentos básicos para o funcionamento da unidade de saúde. Ainda segundo a diretora do SindSaúde, as UTIs receberam material na segunda-feira (22), mas o restante do hospital continua sem “nada”.
Maria Lucia ainda alerta que a situação coloca em risco os próprios profissionais de saúde. Exemplo disso é o discumprimento das diretrizes presentes na NR 32 da Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde, nº 32.2.4.3 e nº 32.2.4.3.1, que deixam claro que “todo local onde exista possibilidade de exposição ao agente biológico deve ter lavatório exclusivo para higiene das mãos provido de água corrente, sabonete líquido, toalha descartável e lixeira provida de sistema de abertura sem contato manual”, e “o uso de luvas não substitui o processo de lavagem das mãos, o que deve ocorrer, no mínimo, antes e depois do uso das mesmas”. A diretora reforça que a falta de produtos adequados “aumenta mais as infecções e não tem antibiótico” e vai além, denunciando que a situação em outro hospital de referência, o Giselda Trigueiro, não é diferente “No Giselda está faltando mais coisa ainda. Não é só no Walfredo”.
Situação realatada também pelo servidor Ricardo Paiva: “Essa questão não é só do Walfredo, mas é porque o Walfredo explode primeiro”
A reportagem do Diário do RN entrou em contato com a direção do hospital, o médico Geraldo Neto, e com a Secretária de Saúde, Lyane Ramalho. Ambos encaminharam a demanda para a assessoria de comunicação da Sesap.
Diante dos vários questionamentos encaminhados, a Sesap respondeu, por meio de nota, que “faz um acompanhamento constante de todas as unidades hospitalares do Estado no que diz respeito ao abastecimento e a todos os outros pontos relativos à gestão. Os atendimentos seguem acontecendo normalmente no hospital”
Em contraponto a nota da Sesap, a servidora Maria Lúcia, que lida diretamente com a falta de insumos, afirma que os atendimentos acontecem “fazendo uma grande gambiarra”.