O mercado de exploração e produção de petróleo e gás no Rio Grande do Norte, que já vinha passando por transformações com a entrada de operadores independentes, foi novamente sacudido, mas, dessa vez, por uma enxurrada de ânimo. O anúncio da descoberta da Petrobras de uma reserva de petróleo em águas ultraprofundas da Bacia Potiguar trouxe perspectivas otimistas para a economia do estado, e sobretudo para as micro e pequenas empresas que atuam nessa cadeia produtiva como fornecedoras e prestadoras de serviços de grandes petrolíferas. A possibilidade de exploração das reservas pode significar o estabelecimento das atividades offshore no estado e um mar de oportunidades de negócios.
Para o diretor superintendente do Sebrae no Rio Grande do Norte, José Ferreira de Melo Neto, o anúncio da recém descoberta é a melhor notícia do ano para o estado, pois mexe com a economia potiguar inteira. “O petróleo já representa, ou já representou, cerca de 50% do PIB da indústria potiguar. Então tem uma posição significativa em termos de geração de royalties e novos negócios”.
A explicação para o entusiasmo, que tomou conta dos potiguares desde o comunicado da Petrobras no início deste mês, pode estar relacionada à área, onde as reservas foram localizadas na Bacia Potiguar. O perímetro do poço Anhangá, onde a petrolífera identificou o acúmulo de hidrocarboneto a mais de 2.196 metros de profundidade, integra a faixa que é considerada pelo mercado a mais nova fronteira exploratória brasileira, uma espécie de “Novo Pré-Sal”, devido ao grande potencial para exploração e produção. A coluna estimada de hidrocarbonetos (petróleo e gás) detectada pela Petrobras é da ordem de 290 metros, sendo 140 metros de reservatório.
A região em questão é a chamada Margem Equatorial, uma extensão de mais de 2,2 mil quilômetros, ao longo da costa, que vai do litoral setentrional do Rio Grande do Norte até o Oiapoque, no Amapá. Além da Bacia Potiguar, a margem equatorial engloba outras bacias, como a Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas e Ceará. A descoberta no poço Anhangá já é a segunda no estado neste ano. Em janeiro, a Petrobras já havia encontrado hidrocarbonetos no poço Pitu Oeste, que fica a cerca de 24 quilômetros do poço Anhangá.
Especialistas calculam que, juntas, as cinco bacias da Margem Equatorial podem conter mais de 30 bilhões de barris de petróleo, representando uma reserva potencial que se estende além do ano de 2050. Por isso, essa região próxima à linha do Equador é estratégica, e promissora, não somente para a indústria energética brasileira, mas também para toda a economia.
Investimentos bilionários
As projeções de investimentos que se tem para as bacias integrantes da Margem Equatorial são altas e envolvem cifras bilionárias. A região deverá ser alvo de investimentos da ordem de US$ 3,2 bilhões até 2027. Isso apenas por parte da Petrobras, sem contabilizar os 42 blocos nas bacias Potiguar, Ceará, Barreirinhas, Pará-Maranhão e Foz do Amazonas, arrematados em leilões da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), o que inexoravelmente leva a um impacto positivo para geração de riquezas nesses estados e no Brasil.
A confirmação das operações de exploração dessas reservas de petróleo trará reflexos em toda a cadeia produtiva do setor no estado, e ainda repercussões em outros setores, como turismo e serviços. É o que pensa José Nilo Júnior, o presidente da Redepetro-RN, entidade que reúne as pequenas empresas potiguares que estão dentro da cadeia de valor das grandes companhias do segmento.
Estudos recentes estimam um incremento de cerca de R$ 65 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) nacional e a criação de 320 mil novos postos de trabalho.
Com informações da Agência Sebrae.