A história da fundação da capital do Oeste se confunde com a devoção à santa e é celebrada a 243 anos
O dia 13 de dezembro é marcado todos os anos, desde 1779, pelos festejos a Santa Luzia no território onde hoje fica Mossoró, a capital do Oeste e segunda maior cidade do RN era apenas um pequeno povoado nos arredores do sítio Santa Luzia.
Luzia de Siracusa, ou Lúcia de Siracusa, nasceu em 283, na Sicília, uma ilha do Mediterrâneo que hoje é parte da Itália. Durante os primeiros séculos de seu surgimento, o cristianismo era perseguido pelo governo romano, que dominava a região. Sua família era cristã e abastada.
Ela perdeu seu pai muito jovem e dedicou os primeiros anos da sua vida aos cuidados da mãe, que sofria de constantes hemorragias. Ainda na infância, a menina peregrinou à cidade de Catânia, também na Sicília, para, na tunda de Santa Águeda, interceder pela saúde da mãe.
Na ocasião, Luzia teve uma epifania e decidiu dedicar sua vida ao cristianismo com um voto de virgindade. Santa Águeda curou sua mãe e também lhe revelou seu martírio e que ela seria venerada em toda Siracusa.
Luzia estava prometida em casamento a um jovem pagão e, segundo o estudioso de cristianismo antigo Thiago Maerki, em entrevista à BBC, ela queria se livrar desse compromisso.
Com a graça da cura alcançada, a mãe dispensou Luzia do compromisso. Contudo, essa conduta não foi bem aceita pelo jovem que queria desposá-la e ele decidiu denunciá-la às autoridades, tendo em vista que o cristianismo era uma fé clandestina à época.
Diocleciano, imperador romano do período, ficou marcado na história como perseguidor da fé cristã e seu procônsul na região, Pascásio, se empenhou de todas as formas para que ela renunciasse a fé cristã e aderisse à fé pagã da época.
Pascásio ordenou que Luzia fizesse sacrifícios aos deuses romanos, mas a relutância dela em aderir à fé oficial aumentou a irritação dele, que ordenou que seus soldados a levassem para um prostíbulo com a intenção de estuprá-la.
Eles tentaram amarrar seus pés e mãos com cordas, mas ela permaneceu imóvel. Então, a tortura continou. Pascásio, seu algoz, mandou derramar óleo fervente no corpo dela.
Com a firmeza da fé da moça, Pascásio, por fim, manda tirar os olhos de Luzia e entregar a ela em uma bandeja de prata para depois decapitá-la.
O martírio de Luzia fomentou sua devoção logo após sua morte.
A fé em Santa Luzia em Mossoró começou em 1773, com a construção de uma capela, no antigo sítio Santa Luzia. No ano de 1779, com a chegada da imagem da padroeira, foi dado início às festividades em sua honra.
Nos primeiros anos, as festividades eram modestas no pequeno povoado, contudo com o passar dos anos, a elevação do povoado a freguesia, posteriormente a vila e por último, em 1870, a cidade, a festa de Santa Luzia cresceu e se modernizou, sendo a principal data de demonstração de fé do povo mossoroense.
Todos os anos, a devoção a Santa Luzia é marcada pela massiva participação popular, a peregrinação da imagem pelos municípios da região Oeste e a procissão, que reúne dezenas de milhares de fiéis, marcam o início e o fim das festividades.
A celebração também é marcada por apresentações de artistas locais e nacionais, movimentando a economia mossoroense.