A professora da UFRN, Thaís Vasconcelos Batista foi eleita presidente da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), essa é a primeira vez que a SBC terá uma mulher da região Nordeste em sua presidência. Na adolescência, Thaís assistia diversos filmes futuristas que envolviam o trabalho automatizado por computadores do futuro, por meio disso, a paixão por tecnologia foi surgindo e anos depois, o que parecia ser apenas uma paixão adolescente, se transformou em sua carreira:
“Eu gostava muito de matemática na escola e sabia que eu iria fazer um curso da área de exatas. Quando vi que tinha um novo curso que tratava de usar computação para automatizar a resolução de problemas, fiquei interessada nos desafios que a área nova trazia e o fato de poder trabalhar com raciocínio lógico”.
A professora recebeu 746 votos de associados da SBC, dentre 791 votantes, em uma eleição que ocorreu por meio de sistema de votação on-line e o resultado foi apurado através de transmissão ao vivo no canal do Youtube da Sociedade, na quarta-feira (22).
Thaís também é coordenadora do Núcleo Integrador de Pesquisa e Inovação em Engenharia de Software, do Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN), e docente do Departamento de Informática e Matemática Aplicada (DIMAp). Com doutorado em Ciência da Computação, ela conta que sempre teve o apoio de sua família para seguir no ramo tecnológico e que sua trajetória é marcada por um forte perfil acadêmico alinhado ao uso da Computação, na prática, bem como na participação em comitês científicos do CNPq e CAPES, organização de eventos da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e em cargos de gestão da SBC.
Neste segmento, ainda há pouca participação feminina e para a professora, esse é um problema que permeia todos os cursos ligados às habilidades em STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) que tem um público predominantemente masculino: “O falso estereótipo de que homens são melhores em exatas do que mulheres pode ser um fator que contribui para o desinteresse delas”.
Thaís relata que de uns anos para cá, apesar da pouca representatividade, tem havido incentivos para maior participação feminina nos cursos e empresas ligadas à área: “Há anos a própria SBC tem um programa, chamado Meninas Digitais, que tem como objetivo incentivar a participação feminina na computação”.
Além do fato de ser mulher, ela conta quais desafios já enfrentou durante a carreira: “Os maiores obstáculos foram ligados à necessidade de conciliar os papéis de mãe, professora, pesquisadora e atuação em comitês científicos no país. Apesar de escutar vários relatos de mulheres sobre situações constrangedoras, eu tive a sorte de não ter enfrentado esse tipo de problema na minha carreira”.
De acordo com Thaís, se tornar a presidente da Sociedade Brasileira de Computação é um marco em sua carreira e também abre portas para que outras mulheres sejam inspiradas a não desistir: “Em uma área que tem pouca representatividade de mulheres, chegar à presidência da maior Sociedade Científica em Computação da América Latina, é algo que eu jamais pensei que iria acontecer. Eu espero que outras mulheres possam ver que elas também podem chegar ao topo da carreira e a SBC valoriza o trabalho das mulheres”.
Sobre a importância de as mulheres participarem de segmentos tecnológicos, Thaís destaca ainda: “Há vários estudos na área que mostram que os times mistos são mais produtivos e é importante que isso se torne uma realidade. Falta inclusão, mas já existem várias iniciativas em empresas do mundo todo, como Google, Facebook, etc., para atrair mulheres”.
Sociedade Brasileira de Computação
A Sociedade Brasileira de Computação ou SBC é uma sociedade científica fundada em 1978 em Porto Alegre/RS, sem fins lucrativos, reúne professores, estudantes, profissionais, pesquisadores e interessadas na área de Computação e Informática de todo o Brasil. Deste modo, a entidade visa o fomento do acesso à informação profissional da computação. A professora é vinculada à SBC desde 1991, quando ainda era estudante de mestrado. Ela já participou da diretoria da SBC e chegou inclusive à sua vice-presidência, entre os anos de 2015 e 2019, além de atualmente exercer o cargo de conselheira. No ano passado, durante o 42º congresso anual da Sociedade, em Niterói (RJ), Thaís Batista ganhou o Prêmio Newton Faller da SBC. A posse da nova diretoria da Sociedade vai acontecer no congresso nacional deste ano em agosto e será sediado em João Pessoa (PB).