O prefeito do município de Bento Fernandes, Paulo Marques de Oliveira Júnior (MDB), está sendo acusado de cuspir em uma mulher durante uma discussão, nesta terça-feira (02). O caso ganhou repercussão após o vídeo viralizar nas redes sociais e gerar uma grande polêmica sobre a conduta do gestor diante da população.
A vítima, que é moradora da comunidade do assentamento Espinheiro I, definiu como um momento de grande de confusão na Comunidade. Apesar de aparecer no vídeo, ela preferiu não ser identificada: “Foi um momento de desespero porque eu nunca vi uma pessoa na minha vida tão agressiva, tão brava, já chegou batendo em portas, chamando todo mundo de ‘vagabundo’, porque aqui nessa comunidade só tem ‘vagabundo’, ‘mulher safada’, que não tem o que fazer, desocupada, ‘cabra safado’, que não usa calça. E disse: Eu vou fechar essa escola agora, que aqui o dono sou eu, o dono dessa escola sou eu”.
Segundo a moradora, foi após essa fala do gestor que ela contestou: “Eu fui e disse: não, Júnior! Você não é dono de nada aqui não! Se você fosse dono, você estava cuidando, estava zelando por ela (a escola) ”.
A vítima ainda relembra que a partir daí os ânimos foram ficando mais exaltados: “Ele partiu para cima de mim, dizendo: ‘Saia daqui você também, se retire daqui vagabunda. Você não tem o que fazer’. E eu rebati que ele me respeitasse e tivesse vergonha, pois ali só tinham pessoas trabalhadoras, limpando e zelando por uma coisa que ele deveria ter feito, como gestor que deveria tomar providências já que fazem oito anos que essa escola se encontra fechada”,
Segundo ela, foi quando a discussão ganhou outras proporções: “Eu sei que ele me deu um empurrão, um empurrão tão forte que eu caí por cima do portão e não me agrediu mais só por conta que veio um funcionário dele e segurou ele, mas ele seguiu me xingando”.
A filha da vítima, que gravou o vídeo de toda confusão, afirmou que fez isso em um ato de desespero: “Me ligaram desesperados, corre que o prefeito está querendo agredir a sua mãe. Eu fiquei desesperada, eu esculhambei com ele, falei várias coisas. Foi nesse momento que ele veio para cima de mim querendo me cuspir, aí eu enfrentei dizendo que ele cuspisse. Meu sentimento foi de revolta, ele agrediu minha mãe. Infelizmente, o vídeo da hora do momento que ele chegou lá, que ele empurrou minha mãe, ele tomou telefone da pessoa que estava lá gravando”.
PREFEITURA NEGA ACUSAÇÃO
Na tarde de terça-feira, o prefeito Júnior Marques emitiu uma nota, negando as acusações: “Inicialmente, como se pode perceber, em momento nenhum do vídeo houve qualquer tipo de agressão, física ou verbal, de minha parte contra qualquer pessoa. O vídeo que circula nas redes sociais, mesmo fora de contexto, não mostra em momento algum qualquer tipo de cuspida, justamente porque não ocorreu nada do que está sendo dito”.
A nota ainda registra a intenção da prefeitura de reativar a escola e que medidas judiciais serão adotadas para a reintegração de posse do imóvel: “Por se tratar de um bem público e que será reativado ainda neste semestre para atividades escolares, principalmente na educação de Jovens e Adultos, a Secretaria de Educação requereu a desocupação, de forma amigável, para que pudéssemos iniciar os pequenos reparos a serem feitos e o funcionamento do prédio público.
Chegou-se, inclusive, a haver conversa com a ocupante do local, que havia se prontificado a entregar amigavelmente o imóvel nesta data. No entanto, para criar um fato político, opositores se aproveitaram da situação e criaram tal embaraço. Veja-se que as agressões não foram revidadas em momento algum, apenas me retirei do local. Informo, por fim, que todas as medidas judiciais cabíveis serão adotadas, tanto em relação à reintegração de posse da escola (como já ocorreu recentemente em um posto de saúde), quanto em relação à responsabilização por propagacão de fake news e apuração do cometimento dos crimes de calúnia, injúria, difamação, dentre outros”.