FLOPOU
O evento organizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para pressionar por anistia aos golpistas não teve a adesão esperada. Isso tem muito a ver com a decepção que bolsonaristas tiveram do ex-presidente durante o depoimento ao ministro Alexandre de Moraes. A covardia de Bolsonaro diante do ministro provocou indignação e também decepção em boa parte do bolsonarismo.
PARADOXO
Curioso é que, no evento que flopou em São Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro pede anistia para os golpistas do 8 de janeiro, mas ao mesmo tempo ele diz que o movimento foi orquestrado pela esquerda. Quer dizer que ele está pedindo anistia para o pessoal da esquerda? É, no mínimo, confusa essa definição de Bolsonaro em relação a esse ato de anistia e o do 8 de janeiro. Ou é uma coisa ou outra.
PAUTAS
A extrema-direita está cada vez mais perdida na defesa de suas pautas. Reunir governadores, lideranças políticas para pedir anistia para golpistas baderneiros não faz sentido. Na realidade, o Brasil tem outras prioridades e outras pautas. Pautas estas que a extrema-direita não está nem aí para discutir e mexem, efetivamente, com a vida do brasileiro. Pautas positivas para o trabalhador não entram no radar da extrema-direita brasileira.
CANDIDATURA
Ao invés de fortalecer Rogério como um futuro candidato à presidência, já que o nome do Senador saiu bem na última pesquisa presidencial, Bolsonaro reforçou o nome de Rogério como futuro governador do RN. Ou seja, certamente que isso deve ter sido combinado com Rogério para focar muito mais na eleição do Rio Grande do Norte do que na eleição presidencial que ele dificilmente vai participar.
DEFINIÇÃO
O apoio do ex-presidente Bolsonaro publicamente no evento fora do Rio Grande do Norte, citando Rogério como possível candidato a governador, mostra que o filho de Valério está cada vez mais definido como pré-candidato a governador do Rio Grande do Norte na eleição do próximo ano. Caso contrário, ele teria focado na questão presidencial.
RACHA
A direita está rachada, inevitavelmente, por conta do senador Styvenson Valentim. Na 96 FM, Valentim disse que se o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra, fizer parte do grupo da oposição, ele está fora. Como Rogério prefere muito mais Styvenson do que Allyson, esse recado já define a posição da direita no Rio Grande do Norte, com Rogério governador e não Allyson, e Styvenson na primeira vaga do Senado. A segunda vaga pode ser negociada, mas isso sinaliza também que pode ser uma chapa com o ex-prefeito de Natal, Álvaro Dias.
CHAPA
É inegável que essa possível chapa é uma chapa forte pela oposição. Rogério Marinho governador e Styvenson e Álvaro para o Senado formam uma chapa competitiva, extremamente forte, e que começa a ser desenhada pela oposição no Rio Grande do Norte. Será que, em função disso, Allyson vai adiante ou recua da sua pretensão de disputar o governo?
CENÁRIO
Se esse quadro se efetivar, se o desenho da oposição for caminhar com essa chapa de Styvenson, Álvaro e Rogério e o prefeito de Mossoró for efetivamente candidato, nós teremos um cenário de três chapas fortes, com uma do governo e duas na oposição. Se isso vai perdurar, somente o tempo vai dizer.
POLARIZAÇÃO
Se houver essa chapa da oposição assim formada, numa disputa polarizada com o candidato do governo, que hoje é o secretário Cadu Xavier, que está com a governadora, corre um sério risco de Allyson não ser candidato justamente temendo a polarização entre Rogério e o candidato do governo. Essa polarização pode espremê-lo diante das duas forças políticas, oposição e governo. Aí, pode ficar complicado para o menino de Mossoró.
POLARIZAÇÃO II
Na verdade, quando há três candidatos fortes, e esse cenário poderá se concretizar com Allyson, Rogério e Cadu, há uma expectativa. Tanto pode acontecer do candidato que não tem as forças políticas ser espremido e desaparecer, perder nutrição eleitoral, como pode ser também ultrapassar as duas forças tradicionais. Isso já aconteceu aqui no Rio Grande do Norte.
PASSADO
Em 2002, existiam três candidatos fortes. Um era Fernando Freire, governador do estado no exercício do mandato. Candidato apoiado inclusive pelo MDB, por Garibaldi, por todo esse pessoal. A outra chapa era Fernando Bezerra, apoiado por Agripino e outras forças políticas. E uma outra foi Vilma de Faria. Nesse caso, a polarização ia ser entre os dois Fernandos. Só que Vilma ultrapassou os dois e terminou ganhando a eleição, no segundo turno, para Fernando Freire, que foi derrotado com quase 300 mil votos de maioria.