O Grupo Pensar RN realiza, nesta terça-feira (16), às 16h, no auditório do CREA-RN, o último seminário de 2025, encerrando um ciclo de debates técnicos voltados à formulação de um plano integrado de desenvolvimento para o Rio Grande do Norte. Aberto ao público, o encontro terá como palestrante o professor Emanuel Nunes, coordenador da pós-graduação da UERN (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte), em Mossoró, e marca mais uma etapa do trabalho coletivo que deverá resultar em um documento a ser apresentado no primeiro semestre do próximo ano.
Criado com o objetivo de discutir os principais gargalos estruturais do Estado e apontar caminhos estratégicos de médio e longo prazo, o Grupo Pensar RN vem se consolidando como um espaço plural de reflexão e articulação. Ao longo dos últimos meses, o grupo promoveu seminários temáticos, visitas técnicas e diálogos com instituições públicas, setor produtivo, academia e especialistas, sempre com base no debate qualificado e na busca de consensos.
Segundo o coordenador do grupo, professor Rivaldo Fernandes, a iniciativa nasce da necessidade de pensar o desenvolvimento do Estado para além dos ciclos eleitorais. “O Grupo Pensar RN tem como horizonte apresentar um projeto de desenvolvimento sustentável para o Rio Grande do Norte, que possa superar os gargalos da nossa economia e apontar as tarefas principais para transformar o Estado em um território rico e socialmente justo”, afirmou.
O plano de desenvolvimento em elaboração está estruturado em cinco eixos estratégicos: economia verde e transição energética, modernização da agropecuária, ciência e tecnologia, infraestrutura e logística integrada, e desenvolvimento territorial com sustentabilidade ambiental. As propostas incluem desde a integração das energias renováveis com novas cadeias, como o hidrogênio verde, até a modernização portuária, segurança hídrica, inovação tecnológica e recuperação de áreas degradadas.
Balanço de 2025
A programação do grupo, construída ao longo do ano de 2025, incluiu uma visita à Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), onde os integrantes puderam conhecer a visão do empresariado local sobre desafios e oportunidades. O grupo também dialogou com o professor Mário González, especialista em projetos portuários, e acompanhou uma palestra técnica sobre a implantação do Porto Indústria-Multipropósito Offshore, iniciativa que pode reposicionar o RN no mercado internacional de energia, especialmente no contexto da produção e exportação de hidrogênio verde.
Outra agenda relevante, segundo a coordenação, foi a visita ao Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), onde o diretor Rodrigo Diniz de Melo apresentou os laboratórios de Eletromecânica, Automação Industrial, Refrigeração e Climatização, reforçando a importância da qualificação técnica para sustentar o crescimento econômico. Em Macaíba, o grupo esteve na Fazenda Montana, conhecendo experiências agroecológicas inovadoras voltadas à agricultura sustentável e a sistemas produtivos regenerativos.
Os seminários temáticos também aprofundaram o debate sobre vocações regionais, oportunidades em que o professor Antonio Cortez, que é referência em Economia do Mar, destacou o potencial do litoral potiguar para atividades como turismo, carcinicultura, pesca artesanal, maricultura e cultivo de algas. Já o professor Raimundo Inácio chamou atenção para a riqueza produtiva do Vale do Açu, alertando para o avanço da devastação da caatinga. Na área de segurança pública, o especialista Heráclito Noé apresentou experiências exitosas de cidades da América do Sul. Mais recentemente, Carlos Von, do Sebrae/RN (O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Norte), abordou os desafios tecnológicos do RN em áreas como tecnologia da informação, data centers e energias renováveis.
Para Rivaldo Fernandes, um dos pontos centrais do debate é a necessidade de industrialização.
“Não adianta termos grandes parques eólicos se não tivermos fábricas de torres e equipamentos aqui. A indústria é quem paga os melhores salários e gera desenvolvimento consistente. Os estados mais ricos do Brasil são também os mais industrializados”, ressaltou. Ele defende que setores como fruticultura, sal, petróleo e energias renováveis precisam agregar valor. “Não podemos continuar exportando apenas produtos primários. Precisamos transformar nossas riquezas em cadeias produtivas completas.”
Ao falar sobre o contexto político, Rivaldo destacou que o grupo pretende influenciar o debate público. “As eleições de 2026 são uma oportunidade para mudar o foco da discussão. Queremos contribuir para que os candidatos debatam projetos, e não apenas nomes. É preciso evitar a personalização da política e enfrentar, de forma madura, os desafios estruturais do Rio Grande do Norte”, afirmou.
Sobre o Pensar RN
Coordenado por Rivaldo Fernandes, o Grupo Pensar RN reúne professores universitários, empresários, especialistas em diversas áreas, lideres religiosos e técnicos com experiência na gestão pública. A diversidade de perfis é apontada como um diferencial da iniciativa, que busca construir uma visão compartilhada de futuro para o Estado, baseada em planejamento, sustentabilidade e desenvolvimento econômico com inclusão social.

