Oi, lua azul, hoje está deslumbrante, uma diva,
Com sua saia rendada nos fios de madressilva,
Já confessando seu amor pela magia das flores.
Assim, feito um sol, vai despertando os florais,
Mesmo que anoitecidos os jardins, e por mais
Que as sombras tentem ocultar todas as cores.
Sua aparição deixa muitas das flores inquietas,
Que se enfeitam multicoloridas como vedetes
Na ribalta do jardim sob refletores do seu luar.
E na festa de pétalas matizadas se embriagam
Com o energético que de seus xilemas tragam:
A seiva, o maná mágico, que um frenesi lhes dá.
E quanto mais você, lua, com seu luar as brinda,
Mais elas se colorem e vão ficando mais lindas:
Dálias se exibem quais pompons de veludo lilás;
Petúnias acendem sua brancura tingida de rosa;
Lírios de seda branca tecem taças harmoniosas;
Narcisos dourados abrem as pétalas hexagonais.
Deixo o jardim da lua e subo degraus à varanda
Que recende a um agradável aroma de lavanda
Saindo das flores roxas solitárias num alguidar.
Reassumo a vigília do mar de ondas cintilantes,
Como se fosse um jardim movediço, ondulante,
Cheinho de flores reflexivas com pétalas de luar.