A projeção inicial de reajuste do salário mínimo para 2024 chegou a ser de R$ 1.421, mas o valor acabou sendo fechando pelo governo federal em R$ 1.412. Isso significa um reajuste de R$ 92 no comparativo ao valor firmado para 2023, que está em vigência no valor de R$ 1.320.
Segundo a economista Suerda Soares, a política de valorização do salário mínimo leva em consideração índices importantes, como o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), por exemplo.
“A política de valorização implementada em maio de 2023 pelo governo Lula leva em conta o INPC acumulado até novembro do exercício e a taxa de crescimento do PIB dos últimos anos. O INPC foi de 3,85% e a do PIB foi de 3%. Levando em consideração esses percentuais, o salário mínimo está previsto um reajuste para R$ 1.412,00, representando R$ 9,00 abaixo do que estava previsto no projeto de lei do orçamento anual do governo federal, que era de R$ 1.421,00. Então, esse valor ainda do cálculo está abaixo do valor previsto no projeto de lei, mas é apenas levando em consideração os cálculos feitos pelo INPC de 3%, 3,85% e a taxa de PIB dos últimos dois anos de 3%”, explicou.
O salário mínimo é referência para o salário comercial e beneficia 54 milhões de brasileiros, ou seja, 25,4% da população brasileira. Além disso, a aposentadoria do INSS e seguro-desemprego também são reajustados com base no novo salário mínimo.
Fernando Gomes, que trabalha como porteiro em condomínios fechados, é um dos milhares de trabalhadores que recebem um salário mínimo e relatou que apesar desse reajuste, ainda não é o suficiente para se manter.
“Não tem como viver só com o salário mínimo, hoje, eu o que ainda me ajuda um pouco é que recebo bonificação devido a minha função, mas mesmo assim está tudo muito caro. As contas básicas (de água, luz, internet) já consomem mais da metade do que recebo, o pouco que sobra preciso ir ao mercado e comprar a alimentação para minha família e até isso está restrito, pois o custo de alimentação aumentou muito. Não sobra nada, nem mesmo para um momento de lazer. Esse valor novo ainda não resolve, afinal com R$ 90 compra apenas um botijão de gás. Não me permite pensar em um momento de lazer com minha família, com meus filhos”, desabafou.
Essa realidade de orçamento limitante também é o que passa a ASG Rafaella Silva, que precisa buscar por trabalhos extra para complementar a renda e garantir o sustento dos filhos.
“Eu sou sozinha para manter minha casa e meus três filhos, só com um salário mínimo não consigo, quando não estou trabalhando na empresa, faço alguns ‘bicos’ em festas trabalhando no bar ou fazendo faxina na casa das pessoas ou qualquer coisa que aparece para poder completar o dinheiro, principalmente pra não deixar faltar a comida dos meus filhos”.
A economista Suerda Soares explica ainda que, embora não seja ainda o valor ideal, o poder de compra do brasileiro seguirá estável com esse reajuste a ser estabelecido.
“Neste caso, o brasileiro terá reajuste, ou o que a gente pode falar é reajuste real, poder de compra atualizado, considerando a inflação. Então, o valor previsto está sim proporcionando ao brasileiro um reajuste no seu poder de compra, dado que o valor que está sendo implementado do salário mínimo, pelo menos pela perspectiva dos R$ 1.412, está levando em consideração a inflação e a taxa de crescimento. Então o poder real de compra dele se manterá, ele não terá ganhos no poder de compra, mas ele manterá o poder de compra, já que a inflação está sendo considerada no cálculo”.
Na prática, quem vive com as contas no limite não pensa nisso. “Não adianta aumentar o salário e os preços subirem como estão. Está tudo caro, tenho que pensar muito bem o que vou comprar, para também ter como pagar meu aluguel e as contas. Espero que melhore”, desabafou Rafaella.
leg: Salário mínimo é referência para o salário comercial e beneficia 54 milhões de brasileiros, cerca de 25,4% da população brasileira