Uma nova “trend” que viralizou no instagram, em que os usuários respondem sobre informações pessoais com detalhes de suas preferências, aparentemente inocente, pode gerar riscos para segurança pessoal e cibernética dos usuários, como alertou presidente da Comissão de Direito Digital da Ordem dos Advogados do Brasil no Estado (OAB-RN) e especialista em Direito Digital Beatriz Torquato, ao Diário do RN, nesta quarta-feira (6).
“Corriqueiramente, estamos diante de trends no Instagram ou em outras redes sociais. Também chamadas de ‘modinhas’, são conteúdos que viralizam na internet e nos acompanham há anos. Essas tendências geralmente envolvem a superexposição de informações pessoais, seja por meio de desafios, correntes ou testes”, explicou.
Na publicação em questão, cada usuário preenche informações como idade, signo, bebida favorita, local favorito, fobia, dentre outros itens. Para a especialista, esse tipo de comportamento pode ser usado como uma forma de banco de dados.
“Na nova trend do Instagram, os usuários compartilham voluntariamente informações pessoais como idade, altura, número do sapato, signo, local e bebida favorita e outras preferências. Esse comportamento suscita preocupações sobre privacidade e segurança de dados, lembrando o caso da Cambridge Analytica, onde dados de usuários do Facebook foram utilizados para influenciar o cenário político”.
A advogada relembrou que, neste caso, ocorrido nos Estados Unidos, milhares de pessoas que tiveram seus dados compartilhados, favoreceram e influenciaram nas campanhas políticas locais.
“Nesse episódio, informações de milhares de pessoas foram coletadas através de um teste de personalidade foram utilizadas em prol de um dos candidatos em uma disputada eleição presidencial nos Estados Unidos, evidenciando a importância de regulamentações rigorosas sobre proteção de dados e do necessário cuidado que devemos ter nas redes”.
OPEN SOURCE INTELLIGENCE
OSINT (Open Source Intelligence) é um modelo de inteligência com foco em encontrar, selecionar e coletar informações de fontes públicas e analisar para que junto com outras fontes possam produzir um conhecimento de forma inteligente. A especialista explicou que é a partir deste conceito que criminosos se aproveitam de informações compartilhadas voluntariamente que praticam de golpes.
“As informações que compartilhamos podem ser exploradas para a prática de crimes através da OSINT, onde dados públicos são usados para fins maliciosos, como golpes e fraudes. Isso inclui golpes telefônicos, onde os golpistas utilizam informações pessoais para ganhar confiança ou para chantagem. É crucial que os usuários estejam cientes dos riscos de compartilhar informações pessoais online e que tomem as devidas precauções”, alertou Beatriz Torquato.
Não é a primeira vez que “trends” como essa surgem na internet e, como sempre, geram debates e polêmicas, mas a advogada deixa uma importante reflexão para quem tem o hábito de participar de todas essas modinhas e não pensam nas possíveis consequências para a segurança: “Antes de entrar na modinha, reflita: você responderia a questionamentos pessoais de um estranho ou de alguém que não tem tanto contato? Se não, por que compartilhar online? A participação em trends vale mais que sua segurança?”, orientou a especialista em Direito Digital.