Em discurso no Conselho Geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), o secretário de Assuntos Econômicos e Comerciais do Itamaraty, embaixador Philip Fox-Drummond Gough, criticou o uso de tarifas como ferramenta para interferir em assuntos internos de países.
Sem citar nominalmente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o enviado do governo brasileiro classificou as medidas anunciadas pelo republicano como “arbitrárias”.
“Além das violações generalizadas das regras do comércio internacional – e ainda mais preocupantes –, estamos testemunhando uma mudança extremamente perigosa em direção ao uso de tarifas como ferramenta para tentar interferir nos assuntos internos de terceiros países”, afirmou o secretário.
O Brasil enfrenta um curto prazo para negociar com os EUA e evitar que tarifas de 50% contra os produtos exportados entrem em vigor a partir do dia 1º de agosto. O anúncio das taxas foi feito por Trump no início de julho.
Na carta enviada ao Brasil com o anúncio das tarifas, o republicano citou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ). O líder americano tem classificado o processo como uma “caça às bruxas”.
A fala na OMC ocorre em meio à escalada de tensão com os EUA e aos esforços do Brasil para conter a implementação das tarifas. Além disso, o Congresso aprovou recentemente a Lei da Reciprocidade Econômica, mecanismo que pode ser usado pelo país para retaliar os americanos.
O embaixador reforçou ainda a posição do Brasil em buscar a resolução do conflito por meio de negociações, mas sem descartar o uso de outras ferramentas disponíveis, inclusive através da própria OMC.
“Continuaremos a priorizar soluções negociadas e a nos basear em boas relações diplomáticas e comerciais. Caso as negociações fracassem, recorreremos a todos os meios legais disponíveis para defender nossa economia e nosso povo – e isso inclui o sistema de solução de controvérsias da OMC”, disse.
Enquanto o Brasil segue buscando por negociações, alguns países já têm anunciado entendimentos com Trump, como é o caso do Reino Unido, Indonésia, Filipinas, Vietnã e Japão.
*Com informações da CNN