O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal (PF) ouça, no prazo de cinco dias, os advogados Fábio Wajngarten e Paulo Costa Bueno no inquérito que apura uma possível obstrução de investigação penal envolvendo organização criminosa.
A decisão foi tomada com base em documentos apresentados pela defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Moraes avaliou que os elementos juntados ao processo indicam, em tese, uma conduta que pode configurar crime previsto no artigo 2º, parágrafo 1º, da Lei das Organizações Criminosas (Lei 12.850/2013). Por isso, considerou os depoimentos dos advogados “pertinentes, adequados e necessários”.
O inquérito, inicialmente instaurado para investigar os advogados Luiz Eduardo Kuntz e Marcelo Câmara, passou a incluir Wajngarten e Costa Bueno após a defesa de Cid apresentar novos documentos e relatos. Entre os materiais entregues estão declarações assinadas pela esposa de Mauro Cid, Gabriela Ribeiro Cid; pela mãe dele, Agnes Barbosa Cid; e pela filha do casal, uma adolescente de 14 anos. O celular da menor também foi entregue, com autorização para análise de dados.
De acordo com os relatos, os advogados teriam tentado entrar em contato com Mauro Cid por meio da filha, enviando mensagens com suposta intenção de ocultar informações. Em uma das conversas citadas, o advogado Luiz Eduardo Kuntz teria dito: “Toda segunda faz uma limpeza em seu celular”, sugerindo, segundo a defesa, a exclusão deliberada de conteúdos.
Além disso, a esposa e a mãe de Cid relataram abordagens presenciais feitas pelos advogados em ambientes sociais, como na Hípica de São Paulo. Segundo os relatos, as duas teriam sido pressionadas a influenciar a estratégia de defesa do militar, mesmo após ele já ter fechado acordo de delação premiada homologado pelo STF.
A PF informou que o celular da adolescente foi apreendido e que os dados estão sendo extraídos e organizados, com entrega de laudo técnico prevista para até dez dias. Moraes determinou que esse laudo seja anexado ao inquérito assim que concluído.
O caso segue sob sigilo, e os depoimentos de Wajngarten e Costa Bueno farão parte das diligências conduzidas pela Polícia Federal, sob ordem do Supremo Tribunal Federal.
*Com informações do Metrópoles