As obras de requalificação das calçadas da rua Jaguarari, localizada na zona leste da Capital, estão gerando inúmeros transtornos para os moradores e comerciantes da região, em decorrência do processo de quebra total das calçadas e a demora para realização da etapa seguinte do serviço pela Prefeitura do Natal, segundo denúncias que chegaram ao Diário do RN.
Uma moradora, que não quis se identificar, relatou que desde o começo das obras não consegue ter sua rotina normalizada, pois além da dificuldade de acesso, a poeira também gera consequências: “Minha calçada está horrível e as casas estão cheias de poeira, uma coisa tão feia de ver nas ruas, uma buraqueira nas calçadas, tudo quebrado, entulho… É difícil de estacionar e até mesmo de entrar em casa. Espero que realmente essa obra traga melhorias, mas acho que como as calçadas não servem mais como estacionamento, isso já compromete o funcionamento de muito comércio aqui”.
A ausência de equipes atuando na localidade também chama a atenção dos moradores, principalmente por prolongar ainda mais a situação incômoda: “Eu já até perguntei para um trabalhador: não vai terminar mais não, é? Essa obra não termina. Passou um tempo parada, agora é que eu estou vendo uma circulação do pessoal aqui. Mas o pessoal fica mais sentado do que trabalhando”, relatou a moradora de uma região próxima ao cruzamento com a avenida Alexandrino de Alencar.
Em outro ponto da rua Jaguarari, se aproximando da rua Meira e Sá, moradores contam que depois da quebradeira semanas atrás, os trabalhadores não vieram mais e relatam que, além das dificuldades de locomoção, várias pessoas – entre adultos e crianças – estão desenvolvendo problemas respiratórios: “Moro aqui há anos e nunca tivemos nada. Desde quando quebraram tudo, não paro de tossir. Já são mais de 20 dias com esse incômodo e meu filho também teve sintomas. Minha casa fica tomada por poeira, independentemente da quantidade de vezes que limpe”, relatou a moradora que também não quis se identificar.
Para quem tem comércio na região, sinônimo também de prejuízos, pois, em decorrência da “quebradeira” das calçadas e dificuldade de mobilidade entre as pilhas de entulho, os clientes estão se afastando. Luciana Moreira, funcionária de um comércio, relata a situação e demonstra preocupação com o futuro da empresa: “Isso é uma maquiagem, é tudo mal feito, eles fazem um canto sim, um canto não, é uma coisa desconfortável e que está trazendo muito prejuízo. É uma obra da prefeitura, não tem dia para acabar, porque fica empurrando com a barriga. A gente não vê o serviço andar”.
Com o acesso às lojas dificultado, acaba sendo necessário pensar em alternativas para tentar minimizar os prejuízos: “Meu cliente trabalha na loja de eletrônicos aqui do lado, ele disse que não está nem podendo pagar o aluguel, porque a obra fica atrapalhando tudo, não termina, faz um pedacinho num canto, um pedacinho no outro, aqui a clientela caiu, eu tenho que ficar correndo para uma rua e outra para pegar uma roupa de um cliente”.
Patrícia Gabriella, proprietária de uma loja há mais de 10 anos, e afirma preocupação também com o pós-obra que não pode visar só o trânsito de pedestres, mas pensar o embarque e/ou desembarque dos passageiros devido aos desníveis das calçadas: “Eles vão botar aqueles blocos de concreto, eu quero saber como é que vai ficar no canteiro das calçadas. Você olha ali, parece um cimento borrado. E os rejuntes da casa das pessoas, tudo que estava pintado, está tudo mal feito, mal acabado. Eles fazem o serviço de pedaço em pedaço, vai para um canto, não termina e vai para outro em seguida”.
Entramos em contato com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) responsável pela obra para responder os questionamentos de moradores e comerciantes e saber detalhes sobre o cronograma e a previsão de conclusão, mas, até o fechamento da matéria, não tivemos retorno.
Nesta sexta-feira, pós-feriado e ponto facultativo municipal, não havia trabalhadores ou máquinas em atividade no serviço de adequação das calçadas da rua Jaguarari.

