O Ministério da Saúde contestou as conclusões do artigo científico publicado em 17 de dezembro na revista Frontiers in Medicine, intitulado “Avaliação do risco de mortalidade pós-covid em casos classificados como síndrome respiratória aguda grave no Brasil: um estudo longitudinal de médio e longo prazo”. Segundo a pasta, o estudo apresenta análise inadequada de dados, resultando em conclusões equivocadas.
De acordo com as autoras do artigo, o efeito protetor das vacinas contra a covid-19 foi observado até um ano após os primeiros sintomas. Após esse período, teria ocorrido um aumento no risco de morte entre os vacinados. Para sustentar essa tese, as pesquisadoras utilizaram dados de notificação de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) relacionados à covid-19, registrados no sistema Sivep-Gripe, entre 2020 e 2023.
O Ministério da Saúde, no entanto, apontou diversas falhas metodológicas. A principal crítica é que o Sivep-Gripe não é adequado para avaliar a eficácia e segurança das vacinas em relação a óbitos após um quadro de SRAG. O propósito do sistema é registrar casos agudos e seus desfechos imediatos, como alta hospitalar ou óbito. Para análises de mortalidade, a base oficial recomendada é o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), que reúne dados mais detalhados e confiáveis.
Outro ponto destacado foi o uso de uma amostra reduzida, de aproximadamente 5 mil registros, frente aos mais de 700 mil óbitos notificados no período. A falta de detalhamento sobre a seleção da amostra e as exclusões realizadas compromete a transparência e a interpretação dos resultados. Além disso, o estudo considerou apenas pessoas que sobreviveram à fase aguda da covid-19 por pelo menos três meses, excluindo as que faleceram antes, o que distorce os resultados.
O Ministério também apontou que a maioria dos casos analisados envolveu pessoas vacinadas, já que as vacinas são eficazes na prevenção de mortes por covid-19. Porém, os dados do Sivep-Gripe refletem, em sua maioria, indivíduos vulneráveis, como idosos e pessoas com comorbidades, que já estão mais suscetíveis a complicações e óbitos.
Outro equívoco citado foi a interpretação de que eventos adversos graves, como miocardite e trombose, poderiam estar associados a mortes a longo prazo de pessoas vacinadas. Estudos amplamente reconhecidos demonstram que esses eventos são raros, geralmente ocorrem logo após a vacinação e têm prognóstico melhor que as complicações da covid-19.
Além disso, o Ministério destacou que a duração da imunidade das vacinas contra a covid-19 é temporária, sendo necessário reforço periódico. Dados mostram que pessoas com esquema vacinal completo (três ou mais doses) têm risco menor de morte em comparação com aquelas que tomaram apenas uma dose.
Por fim, a pasta reafirmou que as vacinas são seguras e eficazes, conforme demonstrado em estudos e no monitoramento contínuo conduzido no Brasil. O sistema de farmacovigilância do SUS, em operação desde 1992, mantém um rigoroso controle sobre eventos adversos relacionados à vacinação, com dados públicos e análises periódicas disponíveis à população.
Fonte: Agência Gov