Mensagens de celular revelaram que os criminosos fizeram contato com a família do comerciante Gileno Crisóstomo de Oliveira, de 63 anos, exigindo pagamento de resgate após o sequestro ocorrido na manhã de quinta-feira (21), em Goianinha, na Grande Natal. Horas depois, a vítima foi encontrada morta em uma área de mata fechada do próprio município.
O corpo foi localizado por familiares, em um trecho próximo à comunidade Pau Ferro, com ferimentos na cabeça. Durante todo o dia do crime, os sequestradores enviaram ameaças constantes e chegaram a exigir altas quantias em dinheiro pela liberação do comerciante — em uma das mensagens, o valor pedido foi de R$ 100 mil. A família relatou ainda que os criminosos encaminharam fotos da vítima logo após o sequestro.
Os bandidos insistiram que o valor deveria ser pago via PIX e ameaçaram executar o comerciante caso a quantia não fosse entregue. Em um dos trechos, os criminosos afirmaram: “Se você mandar o PIX, eu mando a localização de onde ele tá. Bora agir logo, teu pai vai morrer” [sic].
As ameaças se intensificaram ao longo do dia. Mais tarde, os criminosos pediram R$ 50 mil e deram um prazo para o pagamento. “Tem só até meia-noite pra arrumar o dinheiro”, dizia uma das mensagens.
A família tentou negociar, informou aos criminosos não ter a quantia necessária e falaram da dificuldade em levantar o valor exigido naquele momento.
“O banco só consegue fazer o empréstimo com ele [a vítima]. Aí eu vou fazer o quê?”, respondeu um familiar em uma das mensagens.
Os familiares também pediram para falar com a vítima, mas o criminosos negaram e disseram que Gileno estaria amarrado e “seguro”. Eles também chegaram a ameaçar cortar um dedo da vítima.
O delegado geral adjunto da Polícia Civil do Rio Grande do Norte, Herlânio Cruz, informou que as diligência em busca dos sequestradores continuavam nesta sexta (22).
“Desde as primeiras horas da manhã a família procurou a delegacia de Goianinha e as diligências já começaram. Infelizmente, o desfecho não foi positivo. Agora o que resta é a gente aprofundar as investigações para poder entender realmente tudo como se deu e responsabilizar os autores pelos fatos”, disse.
O crime
A esposa de Gileno, dona Inaldi Félix de Oliveira, contou que o marido havia saído cedo para colocar comida para os animais em uma propriedade, acompanhado de cinco funcionários. No local, os criminosos renderam o grupo e levaram o comerciante junto com um trabalhador. Os outros quatro conseguiram escapar e avisar a família.
Ainda pela manhã, fotos de Gileno ensanguentado foram enviadas como forma de pressionar os parentes.
“Quando foi nove horas da manhã eles pediram resgate. Mas já tinham judiado muito dele. Passamos o dia inteiro correndo atrás de tentar encontrar ele, de tentar conseguir o dinheiro, mas era um valor muito alto e a gente não tinha”, relatou Inaldi, que foi casada com o comerciante por 42 anos.
Segundo a Polícia Militar, Gileno e o funcionário foram levados pelos criminoso na caminhonete do comerciante.
De acordo com relatos de testemunhas que conversaram com o funcionário, ele e o comerciante foram levados para uma área de mata fechada na comunidade Pau Ferro, que fica distante cerca de 5km da granja onde foram rendidos.
Neste local, os criminosos amarraram o trabalhador e atiraram nas nádegas dele, o tiro pegou de raspão. Os criminosos seguiram com o comerciante pela mata adentro e o trabalhador conseguiu se desamarrar e fugir.
A caminhonete foi localizada abandonada em uma estrada de terra em São José de Mipibu, cidade vizinha.
O delegado geral adjunto da Polícia Civil do RN, Herlânio Cruz, disse que a polícia não “medirá esforços” no caso e que busca que seja “emblemática a resposta que a Polícia Civil vai dar nesse caso”.
O corpo do comerciante foi encontrado por familiares já na noite de quinta-feira com ferimentos na cabeça. “A gente rodou muito, procurou muito até encontrar o corpo em um local de mata fechada”, explicou o vaqueiro Ademilson Adauto, que ajudou nas buscas.
*Com informações de G1 RN