A cidade de Natal (RN) será palco, nesta sexta-feira (25), de uma das maiores mobilizações do país em alusão ao Dia Mundial de Prevenção ao Afogamento, celebrado internacionalmente por iniciativa da ONU. A programação acontece das 13h30 às 17h30, na Praia de Miami, com entrada gratuita e voltada a todas as idades.
A escolha da praia não é por acaso. Segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte, somente no primeiro semestre de 2025, foram registrados 121 resgates de afogamento no estado. A Praia do Amor, em Pipa, lidera o número de casos com 40 ocorrências de afogamento no RN, mas a Praia de Miami já acumula mais de 20 registros só este ano, sendo considerada atualmente a mais perigosa da capital.
“Algumas praias do nosso litoral são caracterizadas pela formação de valas, que são as famosas correntes de retorno, para quem não tem experiência, pode ser difícil identificar, mas a pessoa é puxada pela corrente marítima para alto mar. O afogamento acontece quando a pessoa tenta sair pelo mesmo lugar que entrou, mas a força da correnteza é muito grande e a gente não consegue lutar contra ela”, explica o Aspirante Vidal, do Corpo de Bombeiros.
Programação
O evento traz uma agenda repleta de atrações voltadas à prevenção e conscientização dos riscos em ambientes aquáticos. Entre os destaques:
- Workshops de prevenção ao afogamento, como o Surf Salva e o Kim na Escola;
- Campeonatos de beach tennis e vôlei de praia;
- Ação interativa com crianças, usando jogos, fantoches e gibis;
- Exposição de equipamentos de salvamento aquático, com demonstrações reais;
- Crossfire, uma atividade funcional com foco em técnicas de resgate.
Além disso, haverá a presença de cadeiras anfíbias, que garantirão o acesso de pessoas com deficiência (PCD) ao banho de mar seguro.
Informação para salvar vidas
A campanha tem como missão principal conscientizar a população sobre os riscos do afogamento, uma das causas mais subestimadas de morte acidental no mundo. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que um brasileiro morre afogado a cada 90 minutos, sendo esta a segunda principal causa de óbito entre crianças de 1 a 4 anos.
“Mais da metade do número de mortes por afogamento em crianças de até 9 anos no Brasil acontecem na própria residência. Então a gente deve ter cuidado dentro da nossa própria casa. Banheiras, baldes cheios e tampa de caixa d’água aberta podem representar riscos que muitas vezes a gente não consegue enxergar”, alerta Vidal.
A orientação é clara: “Um braço de distância é o que a gente recomenda para os pais e responsáveis, atenção reduzida no celular e o olhar atento à criança na água, são pontos de alerta que sempre damos para que o ambiente aquático seja somente para brincadeira, de forma segura, minimizando ao máximo os riscos”, completa.
Mobilização mundial
O Dia Mundial de Prevenção ao Afogamento foi instituído oficialmente em 2021 pela ONU, por meio da Resolução 75/76 da Assembleia Geral. A iniciativa ganhou força com o apoio de governos, instituições de saúde e entidades civis ao redor do mundo.
Em dezembro de 2024, a OMS divulgou o primeiro relatório global sobre a situação da prevenção ao afogamento, revelando números alarmantes: mais de 3 milhões de pessoas perderam a vida por afogamento na última década, com 300 mil mortes somente em 2021, sendo 43% delas entre crianças de até 14 anos.