O MDB, maior partido do Rio Grande do Norte em número de prefeitos, vices e vereadores, consolidou nesta segunda-feira (4) mais espaço no Governo do Estado com a posse de novos gestores indicados pelo vice-governador Walter Alves, presidente da sigla. A posse dos novos emedebistas no governo marca mais do que uma ampliação administrativa: simboliza uma mudança no equilíbrio político da gestão Fátima Bezerra, que caminha para uma transição pactuada com o MDB. A movimentação reforça a força política da legenda, que deve assumir o comando do Executivo em março de 2026, quando a governadora Fátima Bezerra (PT) deixará o cargo para disputar o Senado.
Tomaram posse nesta segunda o ex-prefeito de Lagoa Nova e ex-presidente da Femurn, Luciano Santos, na Secretaria Extraordinária de Assuntos Federativos; e o engenheiro Sérgio Rodrigues, na presidência da CAERN. Há cerca de duas semanas, o ex-prefeito de Apodi, Alan Silveira, foi nomeado secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico do RN. Os três cargos ampliam a presença do MDB na gestão estadual, que nos últimos seis anos se limitava à Secretaria de Recursos Hídricos, comandada por Paulo Varella.
O avanço do MDB na estrutura do Governo é interpretado como um reconhecimento do peso político do partido e de sua importância estratégica para o projeto político de Fátima e do PT em 2026. O partido é o principal aliado dos petistas no Rio Grande do Norte e, nacionalmente, integra a base de apoio do presidente Lula.
Com cerca de 45 prefeituras, 30 vice-prefeituras e aproximadamente 300 vereadores, o MDB já era a maior força partidária do Estado em termos municipais. Com a provável filiação do presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira (PSDB), o número de prefeitos deve ultrapassar 60, e o partido se tornará ainda mais robusto em capilaridade e poder de articulação nos municípios.
Além do domínio nos municípios, o partido se articula para crescer também na Assembleia Legislativa. Hoje, o MDB tem apenas um deputado estadual, mas o projeto político de Walter Alves e Ezequiel Ferreira mira um salto para até sete cadeiras, ultrapassando o PL, que atualmente lidera com seis parlamentares. A estratégia inclui atrair nomes de peso de outras siglas, como Dr. Bernardo (PSDB), Ubaldo Fernandes (PSDB), Kleber Rodrigues (PSDB), Galeno Torquato (PSDB), Hermano Morais (PV) e Eudiane Macedo (PV), muitos deles com base em regiões estratégicas do Estado.
O redesenho da composição política tem data e efeito práticos. Com a desincompatibilização de Fátima Bezerra prevista para março de 2026, Walter Alves assume o Governo do Estado e ganha protagonismo institucional. Nos bastidores, ele deverá entregar a presidência estadual do MDB a Ezequiel, que deverá assumir o comando da legenda com a missão de ampliar a bancada e consolidar a presença do partido na sucessão estadual.
O cenário coloca o MDB numa posição estratégica para os próximos ciclos eleitorais. Com o comando simultâneo do Executivo estadual e da Assembleia Legislativa, e o controle sobre a maior malha de prefeitos e vereadores, o partido se torna um fiel da balança nas eleições de 2026, com peso suficiente para definir quem será o próximo governador ou governadora do RN.