A jovem de 19 anos que sofreu uma parada cardiorrespiratória durante atendimento em uma unidade de saúde de Natal permanece internada. Neste sábado (20), a família confirmou que ela continua na UTI de um hospital particular da capital.
Segundo a avó da paciente, Maria Soares, os médicos alertaram para a complexidade do quadro clínico, apesar da pouca idade da jovem.
“O médico sentou com a gente e explicou que o quadro não é bom, é bastante complicado. Até segunda-feira serão feitos vários exames para que possamos ter uma resposta mais clara”, relatou.
Suspeita de erro na medicação
De acordo com o Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Norte (Coren-RN), há suspeita de que Gabriely Barbosa de Melo tenha recebido um medicamento diferente daquele prescrito pela médica que realizou o atendimento inicial.
Diante da gravidade do caso, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Natal instaurou uma investigação administrativa e determinou o afastamento dos servidores diretamente envolvidos no preparo e na administração dos medicamentos na UPA do bairro Potengi, na Zona Norte da cidade.
De acordo com apuração, a médica havia prescrito um expectorante e um corticoide, com o objetivo de tratar a inflamação e aliviar os sintomas de tosse. No entanto, na sala de medicação, a jovem teria recebido três ampolas intravenosas de um relaxante muscular de ação rápida, substância utilizada em procedimentos de anestesia, intubação e cirurgias.
Medicamentos com nomes semelhantes
As duas substâncias possuem nomes parecidos, o que pode ter contribuído para o erro.
O medicamento prescrito era o succinato sódico de hidrocortisona (corticoide);
O aplicado, segundo a família, foi a succinilcolina, um relaxante muscular potente.
Conforme os relatos, a paciente começou a passar mal imediatamente após o início da aplicação intravenosa, apresentando rápida piora do quadro clínico.
Cronologia do caso
O episódio ocorreu na terça-feira (16). Após a intercorrência, a jovem foi socorrida, reanimada e intubada ainda na UPA. No dia seguinte, quarta-feira (17), ela foi transferida para um hospital privado, onde segue internada na Unidade de Terapia Intensiva, segundo informou a Secretaria Municipal de Saúde.
Em nota oficial, assinada pelo secretário de Saúde de Natal, Geraldo Pinho, o município informou que a sindicância vai apurar os fatos e identificar eventuais responsabilidades.
Atendimento por sintomas gripais
A jovem, que é indígena da etnia Potiguara, procurou atendimento médico acompanhada da mãe por apresentar sintomas gripais. Segundo a avó, a família foi informada de que seria aplicada uma medicação antialérgica.
“Antes mesmo de terminar a aplicação na veia, ela já começou a ficar roxa. A mãe percebeu que ela estava mole e, quando chegou perto, a situação já era muito grave”, contou Maria Soares.
Após a estabilização, a família solicitou o prontuário médico, que foi apresentado ao médico do hospital particular. O documento registra a aplicação de hidrocortisona injetável venosa e succinato sódico 100 mg.
“O médico disse, com toda convicção, que aquele medicamento não causaria uma parada cardiorrespiratória. Também não informaram oficialmente o motivo da parada”, afirmou a avó.
Apuração pelos conselhos profissionais
O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte (Cremern) informou, por meio de nota, que adotará as providências necessárias para investigar o ocorrido.
*Com informações de 98 FM

