Por Renata Carvalho
Em um mundo onde o cuidado com a saúde física é frequentemente destacado, a importância da saúde mental muitas vezes fica em segundo plano. A campanha Janeiro Branco, há uma década trabalhando na conscientização sobre saúde emocional, traz à tona a necessidade de dar a devida atenção aos transtornos mentais e ao autocuidado.
Silvia Raquel Dantas, psicóloga, realça a relevância dessa campanha. “Este é um momento crucial para refletirmos sobre a nossa saúde emocional. A pandemia trouxe desafios sem precedentes, afetando pessoas de todas as idades e famílias em suas dinâmicas cotidianas”, observa.

Ela destaca como o início de um novo ano pode representar um recomeço, uma oportunidade de se reconectar consigo mesmo: “Janeiro é um convite para olharmos para dentro, identificar possíveis sinais de que algo não está bem e buscar apoio quando necessário. É o momento de quebrar estigmas e entender que cuidar da saúde mental é tão vital quanto cuidar do corpo”.
A especialista critica o fato de ser um tema abordado apenas uma vez ao ano, quando na verdade precisa ser trabalhado o ano inteiro: “Uma das grandes críticas dessas campanhas do mês, do que a gente percebe, é o fato de ser discutido apenas uma única vez e ao longo do ano não ser novamente falado sobre elas. Mas na realidade eu entendo essas campanhas como sendo um meio para que a gente tome ciência de que existem possibilidades, existe tratamento, que a gente pode discutir, que não sou a única pessoa no mundo que possui aquilo”.
Explica ainda que precisa ser um acompanhamento diário e percepção das mudanças comportamentais: “É preciso a gente levar essa discussão para dentro de casa, conversar com os filhos, como se sentem, quais são as grandes dificuldades, se tem dificuldade de socializar, se tem dificuldade de apresentar trabalhos em sala de aula, dentro das nossas empresas a gente sempre está perguntando para o nosso colega de trabalho se está tudo bem, porque ali a gente vai percebendo. Quando a pessoa não está bem, quando a gente percebe que aquele colega de trabalho está mais tristinho e os dias vão passando e essa tristeza e esse movimento dessa pessoa não muda, muito pelo contrário, só continua a piorar, a gente pode tomar a iniciativa de conversar com essa pessoa a respeito dos seus próprios cuidados em saúde mental, aconselhá-la a procurar um psicólogo, aconselhá-la a procurar ajuda para que ela possa entender o que está sentindo e cuidar de si mesmo e do seu próprio contexto”.
A psicóloga reforça que a disseminação do conhecimento sobre saúde emocional é essencial. “Precisamos ser multiplicadores dessas informações, levando discussões sobre saúde mental para nossos círculos sociais, ambientes de trabalho e até mesmo na educação familiar”, enfatiza.
Além disso, Silvia destaca a importância de incorporar práticas saudáveis no dia a dia: “Atividades físicas, alimentação equilibrada e momentos de lazer são essenciais para manter o bem-estar emocional. Cuidar da mente é cuidar de todo o corpo”.