Jorge Rafful é argentino e potiguar de coração e trabalha há dez anos como Papai Noel em um shopping da Zona Sul. A profissão, repleta de magia e encanto, é um trabalho temporário para ele, que também é cantor e autônomo. E existe toda uma simbologia de representar um ícone natalino. “A sinceridade da criança é o que te leva a gostar mais do que está fazendo. A criança é sincera, ela te fala e te passa a energia dela também”. O Papai Noel convive diariamente com crianças de todas as idades, mas os adultos também param para cumprimentá-lo e tirar fotos. Em tantos anos nessa missão, também não faltam situações inusitadas e muitas cartinhas.
“Uma vez, um menino escreveu: Querido Papai Noel, eu não vou mais bater no meu irmão. Quero uma bicicleta”. Já os momentos de interação com as crianças são sempre uma incógnita, revela Jorge. “Algumas são mais curiosas, querem saber se a barba é de verdade, também tem os que ficam com vergonha e outras crianças mais elétricas. É tudo uma paz, a gente se condiciona ao natal e as pessoas são mais amáveis”. Em outros momentos, o trabalho coloca o Papai Noel diante da real importância do Natal: “Outra vez, um rapazinho de 10 anos impecavelmente vestido disse: Noel, eu já tenho tudo, só quero paz e amor para a minha família. Veja bem, aos 10 anos, ele foi tão agradecido pela família e pela vida”.

Durante a conversa com Jorge Rafful, conhecemos Caio Victor, 5 anos. Acompanhado da avó Maria da Conceição, o pequeno aguardava pelo tão esperado momento do encontro com o Noel, e estava fissurado pelos enfeites e pela decoração natalina. O garotinho perdeu a mãe há 22 dias. “Para ele, hoje está sendo um encanto, um sonho e após a perda da mãe, está apostando tudo nos presentes que o Papai Noel vai trazer. Além disso, o Natal também representa a paz e a união em família”.
No cenário de magia construído em um dos maiores shoppings da Capital, Papai Noel também conta com ajudantes. Annizia Gomes, a Duende Nini, trabalha no meio artístico há 8 anos. Para ela, o valor simbólico do Noel e a execução deste trabalho é um acalento para as crianças. “É de extrema importância levar a fantasia da imaginação para as crianças, o mundo imaginário leva você para lugares incríveis”.
Ela relata sobre uma situação inusitada que vivenciou e de como as crianças interagem com o cenário natalino e os personagens presentes. Pelas fantasias e cores, a imaginação e o real se misturam: “Uma vez uma criança achou que eu era fada e me perguntou com muita seriedade “Cadê as suas asas? ” Então assim, só de olhar a criança se encantar e ver o sorriso de uma criança é maravilhoso, não tem como descrever ”.
Além de toda magia que envolve o Natal e a união das famílias, o fim de ano é um dos mais importantes para o comércio. Segundo a gerente de Marketing Diana Petta, o ano atípico com Copa em dezembro exige adaptações. “O varejo é isso, a gente vai fazendo, experimentando, se adaptando. Mesmo assim, percebemos que as famílias não deixam de ir à decoração, de visitar o Papai Noel, elas fazem questão de viver esses momentos, dando a sensação de que o espírito natalino supera essa interferência da Copa na nossa dinâmica. Claro que nos dias de jogos do Brasil o pessoal fica envolvido com isso, mas nos outros dias percebemos os clientes buscando itens de Natal, fazendo as compras de presentes e, claro, visitando a decoração natalina, que é um grande atrativo nesse período”.