“Eu não me sentia representado nas redes sociais, rolava o feed de cima a baixo e não via pessoas com deficiência ocupando um espaço de visibilidade. A partir daí eu comecei a pesquisar na internet e encontrei em artigos científicos o termo ‘capacitismo’ que é o preconceito contra a comunidade com deficiência, mas a linguagem ainda era muito formal, então, pensei em transformar e deixar mais acessível esse assunto tão importante. Foi assim que comecei o trabalho nas redes sociais”, afirma o influenciador, Ivan Baron, 25, que não nasceu uma criança atípica, mas acabou se tornando em função de uma meningite bacteriana que o acometeu quando ele tinha apenas 3 anos.
Ao longo da vida, ser uma pessoa com deficiência foi uma trajetória árdua, e por meio dessas vivências e constantes barreiras que precisou enfrentar, hoje, Ivan precisou ressignificar esses desafios e transformar isso em um meio de ajudar outras pessoas, agregando não apenas visibilidade, mas se transformando em um símbolo do ativismo para PCDs.
Por vezes, com bastante humor e uma didática leve, Ivan sempre dá destaque em suas redes sociais aos momentos em que crianças e pessoas com deficiência são acolhidas e incluídas na sociedade, essas ações o fazem refletir.
“Muitas vezes eu fui ‘integrado’ na minha infância e não 100% incluído. A inclusão vai muito além de apenas colocar corpos com deficiência em determinados espaços, é fazer com que eles se sintam pertencidos”.
Com milhares de seguidores e milhões de likes, Ivan Baron usa suas redes sociais como porta de entrada para debater sobre inclusão e combater o capacitismo, ele afirma que mesmo com a visibilidade no meio digital, ainda enfrenta comentários preconceituosos, mas os ataques capacitistas não o desmotiva, apenas o impulsiona na causa que defende.
“A partir do momento que você vai ganhando seguidores e furando bolhas na internet, vem gente de todos os lados, tanto os que te apoiam, mas também a galera ignorante que só sabem te criticar. Eu já passei por essa fase de me assustar e pensar em desistir, porém, eu não tenho essa opção, é preciso saber filtrar e se tal comentário de fato me ofender, procurar os meios legais para que seja resolvido. O capacitismo é crime, não podemos esquecer”.
Para ele, apesar da incessante luta para a inclusão de pessoas com deficiência em mais espaços e debates na sociedade, ainda há o que se comemorar, mas sem deixar de pensar no impacto dos debates de hoje nas gerações futuras, com mais inclusão:
“Estamos desconstruindo degraus e construindo rampas para que pessoas como eu consigam entrar e ocupar esses espaços, é uma reparação histórica que há muito tempo não se via”.
Dos debates sobre inclusão na net para a subida da rampa do Planalto
A repercussão do trabalho nas redes sociais levou Ivan Baron a ser um dos escolhidos para representar o povo brasileiro, na posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 1º de janeiro de 2023. O influencer subiu a rampa do Palácio do Planalto junto a um indígena, uma criança negra, representantes da cultura, trabalhadores e beneficiários de programas sociais criados durante os governos do PT. Baron também foi um dos escolhidos pelo Ministério da Saúde para estrelar a Campanha de Vacinação Infantil, ao lado de nomes como Xuxa Meneghuel.
Recentemente, se destacou na 26ª edição do Teleton, campanha do SBT em prol da AACD (Associação de Assistência à Criança com Deficiência). Convidado para realizar a abertura oficial do programa, o influenciador reforçou a necessidade de criação de mais políticas de inclusão social e educativas, destacando oportunidades, empregabilidade, escolaridade e acessibilidade para as pessoas com deficiência. Além do direito à reabilitação de qualidade. Para ele, participar do Teleton foi um momento indescritível, não apenas no ativismo, mas em toda a sua trajetória como pessoa com deficiência, ocupando espaços que antes pareciam se tratar somente de algo inalcançável.
“Cresci assistindo o Teleton e sempre sonhava em um dia participar daquele show, nem que fosse na plateia, mas jamais esperava um dia abrir o evento! Para mim foi uma grande oportunidade de visibilidade e afirmar que nós pessoas com deficiência podemos chegar aonde quisermos”.

