Com a chegada do verão, aumenta o número de casos de viroses, especialmente as gastrointestinais. A infectologista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Marise Reis de Freitas, explica que o aumento das temperaturas favorece a propagação desses vírus, que frequentemente causam doenças diarreicas.
No tratamento das viroses, a especialista destaca que a abordagem mais eficaz é o repouso associado a outros cuidados com a saúde. “O melhor tratamento para esses vírus é repouso, ingestão de líquido em abundância para evitar a desidratação, alimentar-se bem e ficar quieto em casa. O vírus demanda do corpo um tempo para se reparar, porque é o próprio sistema imune que vai dar conta de combater o vírus”, orienta. Ela também ressalta que existe sazonalidade em relação a alguns vírus.
Marise Reis explica, ainda, como distinguir uma virose de outros quadros, como intoxicação alimentar ou desidratação. “A desidratação é uma consequência da diarreia e dos vômitos. Qualquer doença que provoque diarreias, vômitos e febre pode causar desidratação. Ela, na verdade, é uma manifestação, um sintoma, uma consequência. A intoxicação alimentar, em geral, está associada à ingestão de um alimento suspeito ou não, mas que acontece em um período curto, de seis a oito horas, após o consumo da comida, com vômitos, diarreia e febre. Esse quadro é o que caracteriza a intoxicação alimentar”, explica.
A profissional esclarece que, diferente dos outros quadros, as viroses, em geral, têm um início um pouco mais lento, de um a três dias após a exposição ao vírus, causando mal-estar, vômito e náusea.
Para a população idosa, a geriatra do Huol-UFRN/Ebserh, Ângela Gonçalves Costa, explica que a melhor abordagem no tratamento das viroses precisa ser individualizada, considerando as condições de saúde do idoso. “Em geral, é importante manter a hidratação, monitorar a febre, utilizar medicamentos sintomáticos com orientação médica e observar sinais de alerta, como desidratação ou piora do estado geral. Em idosos com comorbidades pré-existentes, pode ser necessário acompanhamento mais próximo para evitar complicações.”, ressalta.
Prevenção e cuidados essenciais
Para se prevenir de viroses, Marise Reis enfatiza a importância de evitar locais com aglomeração de pessoas. “O primeiro ponto é ficar longe de espaços onde há muitas pessoas. Além disso, lavar as mãos com água e sabão é um cuidado essencial para evitar as viroses de uma maneira geral, tanto as respiratórias quanto as entéricas, que causam diarreia”, alerta. A infectologista destaca, ainda, a importância da ingestão de água tratada e de boa procedência. Evitar praias em que a água não está adequada para o banho também está entre as recomendações.
A infectologista explica que, durante o verão, as crianças ficam mais sujeitas às viroses. “Elas (as crianças) têm um jeito mais livre de brincar, tocam em tudo, levam a mão à boca e brincam mais aglomeradas, por isso são mais sujeitas. É preciso ter um cuidado especial com elas e ter essa atenção de estar lavando as mãos delas com mais frequência”, orienta Marise Reis.
A geriatra Ângela Gonçalves explica que os idosos ficam mais vulneráveis a viroses gastrointestinais devido ao maior consumo de alimentos crus e à exposição a ambientes com menos controle de higiene. “Além disso, mudanças bruscas de temperatura, como a saída de ambientes climatizados para a rua, podem enfraquecer o sistema imunológico, aumentando o risco de infecções respiratórias”, enfatiza.