Por Carla Alberta Gonzales Lemos
Um viajante do tempo de olhos azuis.
O tempo passou envelhecendo à árvore espanador da lua, a casa, os Bougainvilles vermelhos e, até mesmo, nós. Mas, para o Rusk, um cão siberiano de olhos azuis, era como se nada houvesse acontecido.
Ele chegou em dezembro de 2004 e esteve conosco até 2019, quando faleceu pacificamente, embora com dor e causando muita dor em nós, de velhice.
Rusk, era assim que o chamávamos, esteve conosco em todos os nossos momentos e nos ensinou que o amor não tem preço e principalmente, que os animais tem sentimentos, que sofrem, sentem falta, amam e odeiam.
Jamais esquecerei os olhos fixos nos meus 30 minutos antes de falecer, como uma despedida, como se me falasse “não chora, eu preciso ir”.
Para ele, que fazia a estimativa do tempo baseado no afeto às alterações de nossas vidas, o envelhecimento e seus insignificantes pormenores, não contavam. Nunca ficou doente, salvo 15 dias antes de sua partida. Era um fujão por natureza. Sempre que encontrava o portão aberto, escapava pelas ruas da Angelo Varela e algumas vezes, para nosso desespero, achava o caminho da Hermes da Fonseca.
Nós, em qualquer dia, pelo chamamento divino, iremos partir; assim como partiu o Rusk naquele fatídico 14 de dezembro de 2018 às 11h57.
Ainda escuto tarde da noite, seus passos pelo corredor lateral da nossa casa.
Além das divertidas lembranças, agradeço pela lealdade e proteção que aquele anjo de 04 patas dedicou às minhas filhas e a mim. Tenho certeza que haveremos de nos encontrar um dia, e onde você estiver estará protegendo todas nós.
Como sempre fez!
“Você acredita que os cães vão para o céu? Eles estarão lá muito antes que qualquer um de nós!”