Por Carol Ribeiro
O secretário de Estado da Segurança Pública do Rio Grande do Norte, coronel Araújo, reagiu nesta segunda-feira (23) à manifestação organizada por militares estaduais em frente à Governadoria, no Centro Administrativo, em Natal. O ato, convocado por lideranças da oposição bolsonarista – o vereador de Natal Subtenente Eliabe (PL), o deputado estadual Coronel Azevedo (PL) e o deputado federal Sargento Gonçalves (PL), ocorreu poucas horas após representantes da categoria participarem de uma reunião oficial com o Governo do Estado para tratar do mesmo tema: a regulamentação do mecanismo de promoção funcional conhecido como “ex officio”.
“Estamos trabalhando numa legislação com o comando da PM, dos Bombeiros e com o secretário de Administração, Pedro Lopes. Estamos reunidos agora. A próxima reunião já está marcada para quarta-feira. Inclusive, eles não dizem [na manifestação] que tiveram reunião hoje com a gente. Todos eles estiveram aqui”, afirmou o coronel Araújo ao Diário do RN, criticando o tom político do protesto, enquanto participava de reunião de elaboração da legislação sobre a carreira dos policiais e bombeiros militares.
A mobilização foi convocada nas redes sociais pelo vereador Eliabe, que acusou a governadora Fátima Bezerra (PT) de ter “acabado com a carreira dos militares do Rio Grande do Norte”. A declaração foi amplamente compartilhada por parlamentares alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que vêm utilizando a pauta da segurança como eixo central de suas articulações políticas no Rio Grande do Norte.
Segundo nota divulgada pela Associação de Subtenentes e Sargentos Policiais Militares e Bombeiros Militares do RN (ASSPMBM-RN), uma assembleia teve como objetivo reforçar a cobrança pela retomada das promoções previstas na legislação. A entidade confirmou que, ainda pela manhã, representantes das associações entregaram uma proposta ao secretário Pedro Lopes e que aguardam resposta oficial do Executivo até quarta-feira (25), data marcada para a próxima rodada de negociações.
“A categoria reivindica a regulamentação e efetivação do direito à promoção, e cobra do Governo do Estado uma solução imediata”, afirma a nota da associação, que reconhece o andamento das conversas com o Governo.
Para o coronel Araújo, a antecipação de um protesto público em paralelo ao andamento das negociações tem objetivo claro: gerar desgaste político para a governadora, especialmente por parte de figuras que devem disputar novas eleições. “Se fosse o ano que vem, era pior. Ele [Eliabe] vai ser candidato e vai fazer o salzeiro. Os demais estão dando corda. Mas nós estamos trabalhando aqui”, comentou o secretário sobre as figuras políticas envolvidas nas movimentações.
A regulamentação do “ex officio” – que garante a progressão automática de carreira em determinadas condições – é uma das principais demandas dos militares da ativa. Segundo os manifestantes, a interrupção dessa política nos últimos anos gerou insatisfação entre as praças, que agora cobram uma definição formal para garantir estabilidade funcional e valorização da carreira.
A nova reunião agendada para quarta-feira deverá ser decisiva para que o Governo apresente uma resposta à proposta encaminhada pelas entidades.