Durante a sustentação oral no julgamento dos réus do “núcleo crucial” do processo que investiga a tentativa de golpe de Estado, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, enfatizou que o “golpe já estava em curso” durante reuniões ministeriais do governo Bolsonaro.
“Quando o presidente da República e depois o ministro da Defesa convocam a cúpula militar para apresentar documento de formalização de golpe de Estado, o processo criminoso já está em curso. Não se está, nesse caso, em um ambiente relativamente inofensivo, de conversas entre quem não dispõe de meios para operar”, afirmou.
O procurador relatou que Bolsonaro reuniu os altos comandantes das Forças Armadas para expor seus planos e que o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, detalhou a estratégia a ser adotada. “Quando o presidente e o ministro da Defesa se reúnem com os comandantes militares, sob sua posição política e hierárquica, para conclamá-los a executar fases finais do golpe, o golpe já está em curso de iniciação”, reforçou.
Gonet ressaltou a responsabilidade de todos os envolvidos, afirmando que “o grau de atuação de cada um é questão de mensuração da culpa e da pena”, mas não isenta ninguém da responsabilidade pelos eventos.
Ele também sublinhou a gravidade das tentativas de golpe: “Os atos que compõem o panorama espantoso e tenebroso da denúncia são fenômenos de atentado com relevância criminal contra as instituições democráticas”.
“Não podem ser tratados como atos de importância menor, como devaneios utópicos, como aventuras inconsideradas nem como precipitações a serem reduzidas com o passar dos dias a um plano bonachão das curiosidades da vida nacional”, declarou.