No dia do aniversário de 108 anos do América Futebol Clube, nada melhor do que relembrar as glórias do clube da Rodrigues Alves, falando de Gito, o eterno zagueiro-artilheiro alvirrubro, que aparece na lista dos maiores goleadores com 45 gols. Aos 54 anos, o ídolo da torcida americana trabalha agora nas categorias de base, no CT Abílio Medeiros, ajudando na formação de novos zagueiros e futuros craques.
Nessa seca de gols que o América vive na Série C, Gito seria a solução para as cobranças de faltas e pênaltis. O potente chute de perna esquerda e que chegava atingir uma velocidade de 120km, deu muitas vitórias e conquistas ao clube alvirrubro. Foi assim nas conquistas dos estaduais de 88/89/91/92/96 e 97, na campanha do acesso à Série A de 96, no título da Copa Nordeste de 98 e a permanência do Brasileiro de 97.
“Não joguei a final da Copa Nordeste contra o Vitória, pois uma semana antes fui negociado ao Goiás, mas tenho a minha participação neste grande título dos 108 anos do América”, recorda o ex-zagueiro, que há dez anos faz parte da comissão técnica alvirrubra que comanda as categorias de base do Sub-15, Sub-17 e Sub-20.

Gito faz um trabalho específico com os jogadores de defesa. “Faço um trabalho à parte com os zagueiros, que são exigidos durante o jogo como o posicionamento, marcação, desarme, bola aérea e também o chute forte”, explica o ídolo americano que mencionou o nome de um provável sucessor. “Temos vários atletas da base se destacando, alguns treinando com os profissionais, mas tem um zagueiro chamado Mael, do Sub-17, que pode ser o novo Gito, ele tem o chute forte, mas por conta da idade ainda não tem aquela potência”, revela o técnico.
Craque foi direto para o time principal
O “Cabo” Gito, como foi batizado pelo saudoso narrador esportivo Hélio Câmara, não sabe ao certo quantos gols marcou na carreira de zagueiro-artilheiro, mas acredita que foram de 68 a 70 gols, média muito alta para um jogador de defesa. A qualidade do chute forte de perna esquerda foi notada pelo amigo Erimar, responsável por organizar o Matutão do município de Ceará-Mirim, onde Gito atuava.

“Foi esse meu amigo, hoje falecido, que conhecia o presidente Jussier Santos e me indicou para um teste no América, eu tinha 18 anos na época e meu teste foi com o professor Ferdinando Teixeira que aprovou e me colocou direto nos profissionais, sem passar pela base”, lembra o ex-atleta que considera até hoje o professor Ferdinando como o melhor treinador que já trabalhou. Jogadores também foram muitos, mas o seu grande parceiro de dupla de zaga continua sendo o amigo Carlos Mota.
Gito também ficou conhecido por ser pescador na sua cidade natal, Muriú. Mas hoje isso não é mais possível. “Passo a semana aqui no América e no final de semana vou para São Gonçalo, onde moro com minha esposa e filhos, pra pescar ficou mais difícil, pois falta tempo”, encerrou o eterno ídolo americano e hoje técnico das bases do clube do coração.