O deputado federal General Girão é fiel escudeiro do bolsonarismo no Rio Grande do Norte. Desde o último dia 19, quando foi deflagrada a operação Contragolpe, para apurar tentativa de Golpe de Estado no país, ainda não tinha se pronunciado publicamente sobre o assunto. Nesta segunda-feira (02), durante reunião da bancada federal, em Natal, disse que não comenta o assunto porque são “narrativas” propagadas pela Justiça, pela esquerda e com o apoio do Governo Lula. Em vez de comentar os dados do relatório da Polícia Federal, divulgados em mais de 800 páginas, e confirmadas em depoimentos por militares que participaram da linha de frente do Governo Bolsonaro, ao lado do ex-presidente, Girão prefere questionar a atual administração federal.
“Eu não discuto as narrativas que estão sendo propagadas hoje pela Justiça brasileira e pela esquerda brasileira e, lamentavelmente, com o apoio do Governo brasileiro, que assumiu o poder em janeiro de 2023 prometendo pacificar o país e o país nunca esteve tão dividido e tão mal administrado em todas as áreas, sem exceção. O país nunca esteve tão mal administrado como estamos hoje”, opina o parlamentar.
A Operação Contragolpe, foi deflagrada pela Polícia Federal (PF), há duas semanas, como um desdobramento da Operação Tempus Veritatis, de fevereiro de 2024, para investigar organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito em 2022, para obter vantagem política com a manutenção do então presidente da República, Jair Bolsonaro, no poder.
Os planos incluíam o assassinato do presidente eleito Lula (PT), do vice, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A Polícia prendeu quatro militares e um policial federal que teriam preparado planos contra a posse de Lula. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros 36 foram indiciados por abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado e organização criminosa.
Entretanto, o deputado Girão, em conversa com o Diário do RN, que afirmou não comentar o que chamou de “narrativas”, focou em apontar o casamento do presidente da República e as compras de caças pelo Governo Federal.
“Talvez a única coisa que possa ser elogiada [na atual gestão] é o fato do presidente Lula estar preocupado com a mulher dele e com ele, porque ele está comprando um avião novo para as suas viagens de lua de mel, enquanto ele está atrasando o pagamento das aeronaves Gripen, que são caças para fazer a interceptação e a soberania do espaço aéreo brasileiro, que estão previstos para serem entregues pela Suécia e não serão entregues. E o pior de tudo, vão gerar multas astronômicas, talvez até acima do valor do dinheiro que ele está gastando para poder comprar esse brinquedinho novo”, critica o deputado, ao se referir à compra de 36 caças à fabricante sueca, realizada há dez anos, mas que deve ter entrega estendida por atraso nos pagamentos. De acordo com a fabricante Saab, o contrato teve o valor de 39,8 bilhões de coroas suecas — hoje equivalentes a pouco mais de R$ 21 bilhões.
O general faz análise, ainda, das áreas do Governo Lula e o que aponta como um “caos”. “Nós temos um Ministro da Justiça que não entende nada de segurança pública. Nós temos uma ministra da saúde que está deixando as pessoas morrerem com Covid, coisa que já não tinha acontecendo mais, porque está jogando fora milhões de vacinas que perderam a validade. Nós temos diversas áreas que estão em caos, especialmente as áreas do transporte e que agora esse último corte orçamentário de novo está atacando a área de infraestrutura do Ministério dos Transportes. Nós temos, lamentavelmente, a área da educação, que os índices cada vez são piores e eles insistem com essa história de pátria educadora. Então, eu não tenho como elogiar nada em relação a isso, né?”, levanta o parlamentar do PL.