Veterano deputado faz avaliação sucinta da atuação da governadora a frente do Estado nos últimos quatro anos
“Política de terra rasa, para não dizer arrasada”, afirmou o deputado estadual reeleito José Dias (PSDB), ao avaliar os quatro anos da primeira gestão da governadora reeleita Fátima Bezerra (PT) à frente do Rio Grande do Norte. Para o parlamentar, a gestora petista tem deixado muito a desejar no comando do governo, que ele vê com descrédito, em especial a área da Saúde, a qual ele possui inúmeras críticas, inclusive ao atual secretário estadual Cipriano Maia. “Eu respondo com uma pergunta, gritante, de tão fácil de ser respondida: que avanços a Saúde apresentou nestes quatro anos de gestão Fátima Bezerra?”, questionou.
Confira a entrevista exclusiva que José Dias concedeu ao Diário do RN, nesta quinta-feira (17).
Diário: O senhor, apesar de ser opositor à gestão da governadora Fátima Bezerra, sempre se pautou pelo equilíbrio. Qual a sua avaliação da gestão petista, no geral?
José Dias: Pegando carona em sua pergunta, onde elogia o meu equilíbrio enquanto oposição – e eu agradeço –, eu responderia, automaticamente, que a gestão da governadora Fátima Bezerra sempre se pautou pelo contrário, pelo desequilíbrio. Não é um mero jogo de palavras. Qualquer observador teve – e continua tendo – condições de olhar para traz e ver a política de terra rasa, para não dizer arrasada, que foi feita nesses quatro anos de gestão petista no estado do Rio Grande do Norte. Não há uma obra, não há um fato que tenha real significado, que tenha real importância, nem para o presente, nem para o futuro dos norte-rio-grandenses.
Diário: Sabe-se que a atual gestão desativou hospitais no interior do Estado, por N motivos, como é o caso da unidade de Canguaretama. Que avaliação o senhor faz, especificamente da Saúde no Rio Grande do Norte, decorridos quase quatro anos do governo Fátima?
José Dias: Vale o mesmo que eu disse sobre a gestão como um todo, na resposta anterior: o cenário é de terra arrasada, de filas enormes, sem fim, e, o que é pior – até com óbitos. Eu respondo com uma pergunta, gritante, de tão fácil de ser respondida: que avanços a Saúde apresentou nestes quatro anos de gestão Fátima Bezerra?
Diário: Do secretariado montado pela gestão Fátima Bezerra, o secretário estadual de Saúde Cipriano Maia é um dos mais, se não o mais, analisado e julgado. Que nota o senhor daria para o desempenho dele? Se o senhor fosse gestor público, convidaria ele para assumir a pasta da Saúde?
José Dias: Não acredito que é dando notas que vamos resolver os problemas do Rio Grande do Norte. A administração pública não é um concurso de misses, nem desfile de escola de samba – embora não esteja sendo tratada com o respeito que merece, desde que a governadora assumiu o cargo mais importante do Estado, com o discurso desimportante e vazio que lhe é característico. Isso se repete no seu secretariado, o que me faz, obviamente, a não compactuar com nenhum membro de sua equipe.
Diário: A governadora Fátima disse que não recebeu nenhum recurso financeiro do Governo Bolsonaro, fora das verbas constitucionais, durante estes anos. O senhor acredita que ela foi justa em sua fala?
José Dias: Foi justa e condizente com a falta de verdade e transparência com que administra o Estado.
Diário: O que o senhor espera da gestão Fátima Bezerra nos próximos quatro anos, como parlamentar e cidadão potiguar?
José Dias: Em nome do povo potiguar, eu gostaria muito de dizer que espero o melhor. Mas, para isso, seria necessário um grande milagre. Temos 30 santos potiguares, talvez um mutirão de todos eles nos possa livrar do pior. Mas eu não gostaria de perder a minha fé, por conta da má gestão da governadora. Vamos deixar os santos mártires em paz, e o povo, com eles.
Diário: O presidente Jair Bolsonaro foi derrotado nas urnas pelo futuro presidente Lula, mas a direita ocupou o seu espaço vigorosamente no cenário político brasileiro, como pudemos ver no resultado das eleições proporcionais este ano. Como o senhor interpreta esses movimentos que estão ocorrendo desde o dia 31 de outubro, em que muitos eleitores bolsonaristas, inconformados com o resultado do pleito, pedem a volta das Forças Armadas ao poder?
José Dias: Esse é um assunto delicado, que, infelizmente, a grande mídia não trata com a devida isenção. Justamente pelas distorções que vêm acontecendo na interpretação dos fatos, eu prefiro não me alongar nos meus comentários, a não ser dizendo o óbvio: o resultado das urnas deve ser respeitado, bem como o direito à livre manifestação e o direito de ir e vir das pessoas. A democracia aceita o contraditório, desde que se respeitando as instituições.