Em meio ao movimento frenético das cidades, há um grupo de trabalhadores cujo ofício é essencial para manter o equilíbrio e a saúde pública: os garis. Muitas vezes invisíveis, esses profissionais desempenham um papel crucial na preservação do ambiente urbano.
Em Natal, são 1.169 garis atuando distribuídos de acordo com a demanda dos bairros, além de turmas fixas em todas as praias. “O gari é aquele que está na linha de frente, que cuida da cidade com dedicação, e com seu trabalho proporciona a sensação de bem-estar para todos nós”, declara Alvamar Vale, presidente da Companhia de Serviços Urbanos de Natal (Urbana), acrescentando ainda que os garis não são reconhecidos e muitas vezes acabam se tornando invisíveis aos olhos da população, mas que é preciso valorizar a contribuição desses profissionais para manter uma cidade limpa, saudável e sustentável.
Segundo dados fornecidos pela Urbana ao Diário do RN, a média diária é de 663,39 toneladas de lixo domiciliar recolhido, chegando ao quantitativo de quase 20 mil toneladas ao mês; além de 153.872,95 toneladas de entulhos coletados na cidade por ano. Números que ressaltam a importância do papel que é desempenhado por esses trabalhadores, que ao remover adequadamente o lixo ajudam a manter a saúde pública das comunidades.
Desafios do dia a dia nas ruas
Apesar da importância vital de seu trabalho na manutenção das cidades, os garis frequentemente enfrentam condições desafiadoras e, em muitos casos, não recebem o reconhecimento adequado pela sociedade. É o que relata Wallace Franklin: “Uma das dificuldades é na hora em que precisa usar o banheiro porque aí tem que pedir para alguém e quase sempre esse pedido é negado, quando se trabalha em uma área mais humilde a receptividade da população é totalmente diferente porque eles tratam a gente de forma gratificante, coisa que não acontece nos bairros mais nobres”.
Wallace é gari há 17 anos. Trabalha no setor de capinação. Tanto tempo nas ruas também significam muitas histórias. Algumas inusitadas, outras até macabras. “Certa vez estávamos recolhendo restos de poda e encontramos um corpo esquartejado. Havia um lixão ali entre os cemitérios do Bom Pastor, e estava puxando os galhos de poda. Foi quando avistei uma perna e o companheiro de serviço puxou mais e vimos que eram pedaços de um homem, rapidamente sai de perto e a polícia foi acionada”.
Uma profissão histórica
Uma das primeiras ações organizadas para o serviço de recolhimento do lixo urbano apareceu no Brasil quando o governo imperial contratou o francês Pedro Aleixo Gary para transportar o lixo produzido no Rio de Janeiro para a ilha de Sapucaia. O termo “gari” deriva do sobrenome do francês, que ficou conhecido por fundar a primeira empresa de coleta de lixo nas ruas do Rio de Janeiro.
O Dia Nacional do Gari foi instituído em 31 de outubro de 1962, sendo comemorado em todo o Brasil no dia 16 de maio e tem o objetivo de homenagear os profissionais responsáveis em manter a limpeza.
Descanso para os que nunca param
Em decorrência do Dia do Gari, não haverá coleta domiciliar e demais serviços prestados pela Companhia de Serviços Urbanos de Natal – Urbana, nesta quinta-feira, 16.
Os profissionais da limpeza trabalham durante todo o ano para manter a cidade limpa, parando suas atividades em apenas dois dias: No ano novo, 1º de janeiro, e em 16 de maio, o Dia do Gari.
A Urbana recomenda que a população não coloque o lixo na calçada nesta quinta, para evitar detritos espalhados pela rua. Na sexta-feira, 17, volta à normalidade todos os serviços de coleta, capinação, varrição, coleta mecanizada, roçagem, drenagem, limpeza de feiras e limpeza da orla.