Nas tranquilas ruas de Barrinha, comunidade rural de Mossoró, a tarde desta quinta-feira (15) foi marcada por uma atmosfera tensa e pouca movimentação. O hábito comum de sentar-se nas calçadas foi interrompido após a fuga de dois presos da penitenciária federal próxima, deixando os cerca de 650 lares em alerta, conforme divulgado pela Folha.
Elpídio da Silva (60) era um dos poucos corajosos a circular pelas ruas e afirmou que, “a comunidade de Barrinha está em alerta, apavorada. A presença policial traz uma sensação de segurança, mas quando eles se vão, o medo retorna. É algo inédito que tem deixado nossa comunidade muito apreensiva”
Genilson Epifânio, dono de um mercadinho local, relatou que está fechando o estabelecimento mais cedo desde a fuga dos detentos. “A sensação de insegurança é inevitável, mesmo vindo de uma instituição de segurança máxima. É um sentimento ruim para toda a comunidade.”
A fuga, primeira no sistema penitenciário federal desde sua implantação em 2006, trouxe inquietação para os moradores. A gestão dessas unidades é do Ministério da Justiça e Segurança Pública, liderado por Ricardo Lewandowski.
Antônia Vanda da Costa (27) compartilhou seu temor. “Não conseguimos mais deixar a porta aberta para ‘correr um vento’. A presença constante de helicópteros e polícia pela comunidade nos mantém dentro de casa, a qualquer hora do dia”, disse, à Folha. A tensão aumentou com relatos de avistamento dos fugitivos no bairro. “Aí que nos trancamos mais cedo. Meu portão fica fechado o tempo todo”, completou.
A Polícia Militar reportou um arrombamento em uma casa próxima, mas após investigação descartou conexão com os fugitivos. A governadora Fátima Bezerra mobilizou recursos para as buscas, porém, até o momento, os fugitivos não foram localizados.
Moradores como Josefa Almeida (35) agora enfrentam uma nova rotina permeada pelo medo. “Meu coração está aflito o tempo todo. Tem sido difícil”, desabafou. Já Dona Dorinha (79) afirmou nunca ter visto tanta movimentação policial na comunidade. “Ninguém esperava por isso. Agora mantemos o portão fechado o dia todo, não sabemos o que pode acontecer”, lamentou.