Por Carol Ribeiro
As perspectivas da base do Governo Fátima Bezerra (PT) na Assembleia Legislativa para aprovação do pacote de projetos enviado pelo Executivo nesta quarta-feira, 06, são positivas. “O que eu posso lhe dizer é que nas nossas análises, nos nossos diálogos, a situação atual para aprovar esses projetos é melhor do que no ano passado. Eu diria que em mantidas as circunstâncias atuais, se mantendo o cenário atual, nós aprovaremos”, garante o líder do governo na Assembleia, Francisco do PT.
O comparativo que se refere do ano passado diz respeito a Projeto com mesma proposta rejeitado pela Casa Legislativa em dezembro de 2023. O Governo do RN perdeu por 14 votos contrários a 13, o programa para prorrogar para 2024 a alíquota de 20% do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), praticada em 2023.
O deputado diz que estão sendo feitos diálogos com deputados e deputadas, não só da base do Governo, mas também com parlamentares da oposição que queiram dialogar. “Aqueles que já fecharam questão dizendo que em nenhuma hipótese estão dispostos a dialogar sobre os projetos, fica difícil a gente dialogar, porque se alguém diz que é contra de qualquer jeito, é meio difícil você convencer esses aí”, afirmou sem mencionar, no entanto, quem são os nomes da oposição dispostos ou não a dialogar.
Entre os projetos encaminhados, o Governo do RN enviou a proposta de retorno da alíquota do ICMS para 20% nesta quarta-feira, 07. Além dele, os projetos incluem o fim da isenção de IPVA para carros elétricos, a alteração do prazo para que veículos se tornem isentos de IPVA dos atuais 10 anos para 15 anos, alterações nos impostos sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens e Direitos (ITCD), além de inclusão de uma alíquota extra para financiamento do Fundo Estadual de Combate à Pobreza. Ao todo, o Governo projeta aumentar em R$ 948 milhões a arrecadação anual.
No mesmo dia em que os projetos foram enviados, a oposição já reagiu. No plenário, os deputados José Dias (PSDB) e Luiz Eduardo (SDD) se manifestaram contra as propostas. Ao Diário do RN nesta quarta-feira, 06, Luiz Eduardo criticou a governadora e disse que o entendimento da oposição “é não passar” os projetos, especialmente o que trata sobre o ICMS.
O líder do Governo afirma que existem posicionamentos “mais fortes” dos colegas parlamentares em relação à alíquota do ICMS e a questão do IPVA, mas que há o diálogo “na perspectiva de fazer alguma construção”. O Governo do RN, segundo Francisco, tem participado também de conversas com outros segmentos da sociedade, como o setor produtivo, o movimento sindical e os municípios, através da Federação dos Municípios (Femurn).
“Esse conjunto de ajustes tributários são uma necessidade do Estado em razão das gravíssimas perdas que o Rio Grande do Norte teve com o advento das leis complementares 192 e 194/2022, que subtraíram mais de R$ 1,7 bilhão de reais das receitas do Rio Grande do Norte de 2022 para cá”, explica Francisco.
Ele questiona, ainda, a argumentação da oposição sobre as propostas, classificando como “fraca”.
“Nesse ano de 2024, que a alíquota que está valendo do ICMS é 18%, reduzida, qual foi o preço de qualquer produto ou serviço que caiu em razão da redução da alíquota? Então veja, se os preços não caíram, com a alíquota que caiu de 20% para 18% e os preços se mantiveram, a alíquota voltando a 20%, por que eles vão aumentar?”, levanta Francisco.
O deputado Ubaldo Fernandes (PSDB), que também compõe a base do Governo, acredita que o Governo deverá travar “uma longa discussão” e “debater com a Casa” o aumento da alíquota. Ele cita a inclusão do PL que propõe um cashback de parte do ICMS às famílias de baixa renda inscritas no Cadúnico e no Nota Potiguar, através da alteração da Lei Estadual n° 10.228/2017, e institui o Programa Estadual de Educação e Cidadania Fiscal. “O governo contemplará 850 mil famílias de baixa renda com um percentual do ICMS, então isso já é diferente do anterior”, acrescenta ele.
Ubaldo Fernandes coloca que existem projetos de lei na Casa Legislativa que tratam de Planos de Cargos, Carreiras e Salários e aumentos salariais para várias categorias, mas que passam pela condicionante do Governo só conceder os direitos se a alíquota passar a ser 20%.
“A maioria dos deputados da oposição defende exaustivamente aumento de salário de várias categorias, eles mesmos fazem vários pronunciamentos pedindo aumento salariais de várias categorias, como também concurso público para várias áreas, então tudo isso tem um custo. E para isso o Governo hoje, no nosso entendimento, está com dificuldades financeiras de poder atender a esses pleitos, que eu acho muito justos, inclusive. Mas o Governo tem que ter recurso para pagar. Então, acredito que vai ter um longo debate nessa matéria e vamos ver qual vai ser o comportamento dos deputados de oposição. Eu tenho certeza que terá uma pressão natural dos servidores aos deputados da oposição em aprovar essa matéria do ICMS”, explica Ubaldo.