A angústia vai acabar: estamos em vias de aprovar no Congresso Nacional uma proposta que reduz as filas de espera para fazer cirurgias eletivas, consultas e exames pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Sou médica há mais de 30 anos e sei que a demora do poder público pode significar o tempo entre a vida e a morte de uma pessoa. É por isso que somo esforços junto ao ministério da Saúde para aprovar com rapidez a Medida Provisória (MP) 1.301/2025, que criou no país o programa Agora Tem Especialistas.
Câmara dos Deputados e Senado Federal têm até 26 de setembro para aprovar a MP para, assim, a medida ser convertida em lei. Com esse instrumento, vamos ampliar e garantir o acesso da população a procedimentos especializados por meio da adesão de hospitais privados ao SUS. A mobilização do poder público junto à iniciativa privada é uma ótima notícia para quem depende a saúde pública – ou seja, a maioria da população brasileira, que não tem dinheiro para pagar planos de saúde particulares.
E mais: cada Estado e cada município terão de aderir formalmente ao Agora Tem Especialistas. O SUS, afinal, é um modelo tripartite, operado em parceria dos governos federal, estaduais e municipais. Com o programa, o Executivo federal está ajudando os Estados e Municípios a reduzir essas filas. Há Estados com 150 mil pessoas esperando para fazer um exame como uma endoscopia digestiva, uma colonoscopia, entre outros.
Ressalto que o Agora Tem Especialistas vai ajudar imensamente o Rio Grande do Norte. Faço esse apelo para que o governo do Estado e todos os municípios potiguares adiram ao programa, junto do qual está o reforço também da nossa saúde primária nos bairros e comunidades. Estamos com questionamentos resolvidos e vontade política de avançar.
E mais: nós, parlamentares, poderemos indicar emendas ao Orçamento Geral da União para compra de carretas equipadas com tomógrafos, mamógrafos, raio-X e com todos esses exames sofisticados. As carretas estarão em regiões com municípios pequenos oferecendo atendimento a quem mais precisa. Isso é a política do cuidar, é ter olhar diferenciado para a vida. Não temos dúvidas de que as prefeituras vão aderir, e vamos cobrar.
Resumindo, vai ser um combo: o cidadão vai para o cardiologista, já tem o eletrocardiograma, se precisar faz o ecocardiograma, se precisar já vai ser medicado sem precisar voltar para a unidade para conseguir outra ficha de atendimento. Isso se chama resolutividade em saúde, e, com certeza, vamos salvar muitas vidas neste país!
Vontade política
Na semana passada, recebemos em audiência pública no Senado o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que fez uma explanação clara, respondendo a todas as perguntas e agindo em parceria com o Parlamento em um assunto que é suprapartidário: assistência em saúde. Na verdade, a MP opera como se fosse um novo SUS, visto que, após a pandemia de Covid-19, aumentaram imensamente as filas de pessoas que precisam de exames especializados e cirurgias. Então, esse programa vem para acabar com o sofrimento a população. Para isso, estamos envolvendo todos os hospitais públicos federais, estaduais e municipais, oferecendo mais especialistas e cuidando das cirurgias.
E mais: os hospitais privados sem fins lucrativos também vão poder fazer essas cirurgias – e como? Eles poderão deduzir de dívidas que têm com a Receita Federal; então, o governo vai transformar essas dívidas em cirurgias. E os hospitais privados que não têm dívidas também poderão integrar essa iniciativa – já estamos negociando, de forma que eles estão se cadastrando e poderão ter essa possibilidade estendida para o futuro: a um só tempo fazer cirurgias para pacientes do SUS em troca de deduzir do imposto que iriam pagar.
Estamos contribuindo com uma união inédita do país como um todo para tirar as pessoas de fila de espera de cirurgias, exames e consultas. Gente, ressalto o seguinte: também os pacientes com hipertensão, diabetes, cálculo de vesícula, hérnias, por exemplo, podem ir a óbito ao passarem anos para conseguir uma cirurgia. A urgência no diagnóstico não é só para o câncer – e o câncer diagnosticado precocemente não é sinônimo de morte certa.
Mulheres
Vamos a um outro exemplo prático: a histerectomia, cirurgia para remover o útero. A mulher tem um mioma, e passa anos com perda sanguínea aguardando uma cirurgia que seria simples.
Devido à demora, muitos casos provocam um quadro de anemia e exigem até a transfusão de sangue. É disto que precisamos correr atrás: prevenir, mitigar agravamentos, salvar vidas!
Portanto, agora temos especialistas disponíveis e de graça.
E outro dado importante: não vai ser criada mais uma fila: vai permanecer a fila que hoje já existe nos Estados e nos Municípios, com uma diferença: vamos unificar, agilizar, centralizar esse conhecimento dos dados. É como se a gente desse um diagnóstico de quantos pacientes estão esperando em fila para fazer uma cirurgia de hérnia, uma histerectomia, entre outros procedimentos. Como qualquer outra fila do SUS, dependendo da gravidade do paciente e do tempo de espera, pode ser que ele possa passar na frente.
Chamo atenção para um outro avanço de grande importância anunciado pelo ministério da Saúde: agora, todos os cartões SUS dos cidadãos serão vinculados ao número do CPF, o que vai facilitar e agilizar o trabalho dos agentes de saúde, dos governos, de todo o sistema de saúde. O Brasil tem 220 milhões de habitantes, e teremos igual quantidade de cartões SUS. Com atendimento gratuito universalizado em cada canto do país, o SUS do Brasil é referência no mundo, recomendado até por bilionários como Bill Gates a ser copiado por outros países. Vamos, com o Agora Tem Especialistas, dar mais um passo para ampliar o sucesso dessa pérola que tanto nos orgulha!
Senadora da República
Médica infectologista