Considerado um “tudo ou nada” para os três candidatos a prefeito de Natal que aparecem como tecnicamente empatados em algumas pesquisas da última semana, Carlos Eduardo (PSD), Paulinho Freire (UB) e Natália Bonavides (PT), o debate realizado pela Inter TV, nesta quinta-feira, 03, foi um misto de apresentação de propostas, trocas de farpas, indiretas e acusações diretas entre os candidatos. Nem a governadora Fátima Bezerra (PT), a ex-presidente da República Dilma Roussef e a ex-prefeita Micarla de Souza escaparam. O prefeito Álvaro Dias também foi atacado.
Alvo dos três candidatos adversários, o ex-prefeito Carlos Eduardo esteve envolvido em todos os momentos mais polêmicos do embate. Apesar de uma aparente tranqüilidade que perdurou por três blocos do programa, no quarto e último partiu para o confronto direto, chamando Paulinho Freire de mentiroso, iniciando uma briga com o opositor. “O senhor tem 35 anos de vida pública e não tem um serviço prestado a Natal”, disse sobre Paulinho em outro momento.
Para atingir o adversário aliado do prefeito, o candidato do PSD lembrou a reprovação da gestão Álvaro Dias, “reprovado por 60%”, disse que o ex-aliado foi “ingrato e desleal” com ele e disparou sobre a pré-campanha: “Álvaro Dias não queria uma aliança, queria um negócio”.
Sem mencionar o “Cabeção” nenhuma vez, o ex-prefeito cobrou do Governo do RN ações para Natal, citou a desaprovação de Fátima Bezerra (PT) e criticou promessas de Dilma Roussef sobre creches como uma forma de atingir a candidata do PT, Natália Bonavides.
Dona das caras e bocas que deixaram claras suas reações sobre os adversários, Bonavides, por sua vez, acusou Carlos Eduardo de perseguição a servidores e falta de transparência enquanto prefeito. Quando apontou cobrança de propina do ex-prefeito em processos de licitação dos transportes coletivos, deu ao adversário direito de resposta. Carlos se defendeu alegando “ficha limpa”.
Natália ainda acusou Carlos de tratar as pessoas, tanto políticos, como cidadãos, como descartáveis. “Hoje fala mal de Fátima, há dois anos estava querendo abraço”, disse. Nos bastidores do programa, na sede da Inter TV, até mesmo equipes adversárias comentavam sobre o preparo e tranqüilidade da candidata para tratar sobre os assuntos relativos à Natal.
Já Paulinho Freire chamou atenção pelo aparente nervosismo nos primeiros blocos do debate. Ele focou boa parte do tempo dedicado às suas falas em acenar para o anti-petismo, relacionando Natália Bonavides ao partido, e em questionar o período em que Carlos Eduardo foi prefeito. “Não venha dar uma de bom moço e santo”, destacou a Carlos Eduardo, a quem chamou de “fujão”, após classificar o ex-prefeito de “candidato camaleão”, pela freqüente mudança de posicionamento político.
Mesmo assim, e reiteradamente sendo chamado de “vice de Micarla”, teve que explicar questionamentos dos opositores sobre falta de atuação, enquanto presidente da Câmara Municipal, em relação à falta de licitação dos transportes. Em ato falho, chamou o aliado Álvaro Dias de “ex-prefeito” e em determinado momento buscou descolar sua imagem das críticas direcionadas ao atual gestor. “Eu não sou Álvaro”, afirmou.
Também presente no debate, Rafael Motta (Avante) se disse “triste” com a atuação dos adversários e focou somente em propostas e questionamento sobre idéias dos adversários relacionadas aos mais diversos temas abordados no programa sobre a administração de Natal.
Motta não fez qualquer questionamento intimidador, provocação e, por vezes, chegou a auxiliar adversários, lhes dando oportunidades de mostrarem aspectos positivos, como na pergunta de abertura do programa, em que direcionou a Carlos Eduardo questionamento sobre o poder de influência de pesquisas eleitorais.
Em direção oposta ao clima quente dento do estúdio, nos bastidores, a atmosfera era de tranqüilidade entre assessores dos candidatos e imprensa. Do lado de fora da sede da Inter TV, no entanto, a militância que lotou a rua Raimundo Chaves acompanhou a temperatura dos seus postulantes, travando diversos embates e discussões entre si.