Jeane Saraiva, prefeita de Alexandria, ex-esposa do desembargador Expedito Ferreira, fala com exclusividade ao Diário do RN o que teria motivado as ameaças de morte feitas pelo desembargador do TJRN. Segundo a prefeita, o fim do relacionamento seria a motivação principal para que ela passasse a ser ameaçada. Ela afirma ainda que as ameaças se concretizaram a partir de um atentado à bala que ela sofreu juntamente com seu atual companheiro. A prefeita acrescenta que solicitou segurança ao Governo do Estado, mas nada foi resolvido e teme que algo pior venha a acontecer.
O caso veio à tona esta semana após áudios de uma conversa de WhatsApp entre o ex-casal circularem em grupos no aplicativo no Estado.
Confira na íntegra a entrevista concedida pela prefeita Jeane Saraiva ao Diário do RN:
Diário do RN: Quando começaram as ameaças e como elas eram feitas?
Jeane Saraiva: As ameaças começaram quando eu resolvi sair de um casamento onde não existia mais amor. Em novembro de 2021, eu e meu atual marido sofremos um atentado a tiros que foi notícia no Estado inteiro. O atentado ocorreu logo após a minha separação com meu ex-marido, o desembargador Expedito Ferreira.
Após o atentado, fui a público e disse que não ia me esconder pois sou uma pessoa livre. Como toda mulher, sofri represália e tentaram desqualificar minha fala, visto que eu, uma mulher, prefeita, mãe de 5 filhos, não teria o direito de refazer minha vida. Estava fadada a ser solteira para sempre ou me aprisionar em um casamento já desgastado para manter aparências. Quem me conhece sabe que essa não sou eu. Sempre enfrentei minhas batalhas e essa é uma muito pesada que venho enfrentando desde a separação.
Diário do RN: A senhora teme que as ameaças se concretizem contra a senhora e Mercinho?
Jeane Saraiva: Da mesma forma que ocorreu em novembro de 2021, quando eu e meu esposo Mercinho estávamos sentados na calçada da casa de uns amigos e fomos alvejados, inclusive, correndo risco de acertar outras pessoas, pode acontecer novamente. Ou não? Após o atentado, solicitei ao Governo do Estado reforço na minha segurança, mas todos os pedidos foram negados. Ontem mesmo eu solicitei novamente.
Temos um grande amigo que é policial militar, um homem íntegro que hoje também sofre perseguição por andar conosco nas suas folgas. O mesmo, recentemente, teve que responder à corporação o porquê andava conosco em suas folgas e, acredite se quiser, o porquê dele andar armado. Eu pergunto a vocês, quem tem o interesse em proibir um policial militar de andar nas suas folgas com a sua própria arma legalizada e com um casal de amigos que sofreu uma tentativa de homicídio? E quem tem poder para isso?
Diário do RN: No áudio a senhora cita algumas falcatruas cometidas pelo Dr Expedito, quais seriam essas falcatruas?
Jeane Saraiva: Sobre isso, prefiro não comentar.
Diário do RN: Quem é João Paulo que a senhora cita no áudio?
Jeane Saraiva: João Paulo é um dos meus cinco filhos. Um dos trigêmeos que tive com meu ex-marido Expedito, que aliás, todos vivem sob muita pressão pelo impasse que virou a nossa separação e tudo o mais que se seguiu. E isso é o que mais me dói, ver o sofrimento deles.
Aliás, dos cinco, que tiveram a presença dele (Expedito) durante boa parte da vida. Inclusive, um dos filhos que morava com ele, que ele criou por 24 anos, viajou pra Alexandria após o atentado para ficar comigo. Expedito expulsou a esposa dele de casa durante a ausência do meu filho e depois expulsou o meu filho de casa na frente dos irmãos. Então, observar em que tudo isso se transformou e na questão que vai causar e já está causando psicologicamente neles, é o que me faz explodir, como fiz ontem nos áudios. Que mãe aguenta ver seus filhos sendo usados, colocados em perigo, de alguma forma?
Diário do RN: Como mulher como a senhora se sente diante de toda essa situação?
Jeane Saraiva: Como mulher e mãe me sinto impotente por não poder proteger meus filhos e nem a mim mesmo e a pessoa que está ao meu lado, porque existe uma rede de proteção que acoberta o verdadeiro culpado. Enquanto isso, vivemos amedrontados, assustados e o culpado vivendo feliz e, com certeza, feliz por estar conseguindo alcançar o seu objetivo que é nos calar, com a certeza da impunidade que assombra nosso Estado e nosso país, infelizmente.
Eu gostaria sinceramente que o inquérito que não tem movimentação desde 2021 fosse investigado efetivamente, como deve ser, independente de quem esteja envolvido. Que a impunidade fosse cessada, que as autoridades mostrassem que defendem os nossos direitos enquanto cidadãos, que é no mínimo, ter segurança. Espero sinceramente que a justiça seja feita, a justiça aqui da terra. Porque hoje, ao meu lado, além de Deus, só minha família, meus filhos, meu esposo e meus amigos. Por fim, espero que o culpado encontre a paz e nos deixe em paz.
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