Chegando à 6ª edição, o Encontro de Juremeiros de Natal reúne juremeiros e juremeiras de todo o RN, além de atrair caravanas de outros estados. Organizado pelo Terreiro de Jurema Mestre Benedito Fumaça, o encontro acontece neste domingo (8), no pátio da Capitania das Artes (Funcarte), a partir das 15h, na Cidade Alta.
O evento, aberto ao público, contou na última edição com a participação de mais de mil pessoas, entre Juremeiros e simpatizantes. Este ano, a organização espera um público ainda maior com a vinda de caravanas de outros estados do Nordeste como Pernambuco, Paraíba e Ceará. Momentos de oração, através de cânticos, danças e tradições afro-ameríndio, além de uma feira de artesanato e comidas típicas, fazem parte da celebração que é voltada a toda família.
Esse encontro foi idealizado pelo Pai Freitas como uma forma de reunir os juremeiros de todo o RN para dar visibilidade a luta contra a intolerância religiosa e, também, como um momento de confraternização. O primeiro encontro foi realizado no Museu da Capoeira e, desde a segunda edição, conta com a parceria da Funcarte.
“O racismo e o preconceito são muito grandes. E se manifestam através de perseguições e da invasão de casas de culto à Jurema Sagrada. Essa perseguição vem com o ‘descobrimento’ do Brasil, quando o índio foi proibido de louvar ao Deus Tupã. Sofremos esse impacto até os dias de hoje, quando não podemos tocar nosso tambor e louvar nosso sagrado”, reforça Pai Freitas.
Segundo Suely Costa, coordenadora do evento, 90% dos cerca de 2 mil terreiros no RN praticam o culto à Jurema Sagrada. No entanto, não existe uma estimativa de quantos adeptos a religião tem no estado, pois o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não especifica a religião em suas perguntas no Censo.
O Encontro tem o apoio do Governo do Estado, da Prefeitura do Natal, e da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), através do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígena (NEABI), além da Associação Multicultural Azulmata.
O Catimbó e a Jurema
O Catimbó-Jurema é uma expressão religiosa de matriz indígena brasileira anterior à chegada dos europeus ao Brasil. Ela é uma crença em uma entidade divina, podendo ser classificada como monoteísta, mas no seu culto há a devoção a Mestres e Mestras ancestrais, algo parecido com a devoção aos Santos no catolicismo.
Nesta crença, a Jurema, planta típica dos sertões do Nordeste, é utilizada de forma ritual, na forma de uma bebida parecida com o vinho, para induzir transes mediúnicos onde o devoto entra em contato com o Mundo Espiritual e os Mestres. Jurema é a denominação comum de algumas espécies de leguminosas integrantes dos gêneros Pithecellobium, Acácia e Mimosa. Elas são reconhecidas pela alcalóides, como a dimetiltriptamina ou DMT, que promovem os efeitos psicoativos.