Entregadores por aplicativos iniciaram uma paralisação nesta segunda-feira, reivindicando melhores condições de trabalho e reajustes nas taxas de pagamento. O movimento ocorre em diversas cidades do Brasil, incluindo municípios da Grande Natal.
Na capital potiguar, a paralisação contou com uma ato em frente ao Midway Mall, na Avenida Nevaldo Rocha, com participação de dezenas de entregadores. Em um momento do protesto, uma bandeira do iFood foi queimada em frente ao shopping.
A principal reivindicação é um reajuste nas taxas de entrega. Atualmente, a principal plataforma de entrega de comida, o iFood, paga aos entregadores uma taxa mínima de R$ 6,50 ou R$ 1,50 por km rodado – o que for mais vantajoso para o entregador. Os manifestantes pedem que a taxa mínima seja reajustada para R$ 10 e que o valor por km rodado suba para R$ 2,50.
Segundo o presidente da Associação de Trabalhadores de Aplicativos por Moto e Bike de Natal e Região Metropolitana (ATAMB), Alexandre Silva, os trabalhadores reivindicam também melhores condições de trabalho. “Nos termos das plataformas, diz que elas dão suporte quando o entregador sofre um acidente, mas, na realidade, não tem. A gente tem que fazer vaquinha para conseguir ajuda para os trabalhadores”, disse.
Ele cita ainda as dificuldades enfrentadas pelos entregadores que utilizam bicicleta. “A gente que trabalha de moto já sente o cansaço, imagine a turma que pedala em Natal. No sol quente, pedalando, a saúde deles é atingida, o que acaba atrapalhando o ganho da categoria. Por isso, pedimos a redução da quilometragem mínima para 3 km”.
Os entregadores ainda denunciam a forma como as plataformas gerenciam os ganhos dos trabalhadores. “A plataforma cobra taxa de entrega de cada cliente, além de 27% sobre cada venda. Mas quando nos paga, passa o mínimo. Por exemplo, se eu fizer uma entrega de 8 km até Tirol, ela me paga de R$ 12 a R$ 15, mas cobrou de três clientes. Estamos parando justamente por essa situação, reivindicando melhorias e reajustes”, detalhou Silva.
Outra demanda é a criação de pontos de apoio e o fim do controle dos ganhos por algoritmos. “Não temos ponto de apoio. Precisamos que acabe a prática de demanda dupla e tripla, porque a plataforma faz esse controle e limita os ganhos dos entregadores. Se essa prática acabasse, teria entrega para todo mundo”.
iFood se manifesta
O iFood se manifestou por meio de nota citando o reajuste da taxa mínima de entrega, que foi de R$ 5,31 para R$ 6,50 entre 2022 e 2023, além do aumento de 50% no valor pago por quilômetro rodado, que passou de R$ 1,00 para R$ 1,50. No ano passado, a plataforma implementou um adicional de R$ 3,00 para entregas agrupadas.
De acordo com a empresa, o ganho bruto por hora trabalhada na plataforma é quatro vezes maior do que o valor do salário mínimo-hora nacional.
O iFood destacou ainda que oferece benefícios como seguro pessoal gratuito para acidentes durante entregas, planos de saúde, programas educacionais e suporte jurídico e psicológico para casos de assédio ou discriminação.
Por fim, a companhia pediu que a paralisação aconteça sem prejudicar o funcionamento dos estabelecimentos parceiros e respeitando a livre circulação da população. Afirmou também que seguirá aberta ao diálogo com os entregadores para buscar melhorias para o setor.
*Com informações da 98 FM Natal