As obras de engorda da praia de Ponta Negra, em Natal, enfrentam mais um desafio: a paralisação, ocorrida nesta terça-feira (3), apenas quatro dias após o início dos serviços. A situação levanta questionamentos sobre o andamento do projeto e sua execução dentro do cronograma estabelecido. O motivo da interrupção foi a quebra da draga responsável pela movimentação da areia.
Reportagem da InterTV Cabugi desta terça-feira (3) mostra os equipamentos parados na praia de Ponta Negra. A reportagem da agência SAIBA MAIS entrou em contato com a assessoria da Prefeitura de Natal, que inicialmente negou a paralisação, afirmando que a obra estava em processo de “jazida”, um termo técnico que não foi devidamente explicado. A falta de informações detalhadas e a negativa da DTA Engenharia em se pronunciar sobre a quebra da draga aumentam a apreensão quanto ao andamento do projeto.
Iniciada após um longo impasse para a liberação da licença ambiental pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN (Idema), a obra de engorda da Praia de Ponta Negra é uma intervenção de grande porte. A magnitude e a complexidade da obra, que visa restaurar e ampliar a faixa de areia, é uma das maiores já feitas na praia de Ponta Negra, um dos principais cartões-postais de Natal
Com um investimento inicial de R$ 73 milhões, o projeto visa criar um aterro de aproximadamente 4 km, entre a Via Costeira e o Morro do Careca. A expectativa é que, após a conclusão, a faixa de areia tenha até 100 metros na maré baixa e 50 metros na maré cheia.
O cronograma da obra previa atividades quase ininterruptas, 24 horas por dia, durante três meses. No entanto, com a provável quebra da draga, peça essencial para a movimentação da areia, surgem mais incertezas quanto ao cumprimento desse prazo.
Na manhã da terça-feira, a draga foi vista se deslocando entre a praia de Miami e a Via Costeira, mas não conseguiu acoplar sua estrutura na tubulação de Ponta Negra, necessária para o transporte da areia. A promessa inicial da empresa responsável, DTA Engenharia, e da Prefeitura de Natal era de que a obra manteria um ritmo contínuo, o que agora está em xeque.
Desafios técnicos
A obra de engorda da praia de Ponta Negra funciona através de um processo complexo. A areia é retirada de uma jazida submarina localizada, a cerca de 7 km da costa, próximo ao farol de Mãe Luiza. A draga, um navio equipado com uma tubulação de sucção, aspira a areia misturada com água do mar, armazenando-a em cisternas com capacidade para 2800 metros cúbicos. Isso equivale a 700 caminhões de areia.
Após a coleta, o navio se posiciona a cerca de 500 metros da praia e, através de tubos, bombeia a areia para a costa, onde é espalhada por escavadeiras, conforme o projeto. Apesar das explicações técnicas, a obra enfrenta desafios de comunicação e transparência.
Enquanto isso, banhistas e trabalhadores da praia relatam a ausência de máquinas e operários no local nos últimos dias, o que contrasta com as expectativas criadas pelo início das obras. A paralisação levanta preocupações não apenas sobre a conclusão do projeto no prazo, mas também sobre a eficácia e transparência na execução de uma obra de tamanha importância para a cidade de Natal.
A retomada das atividades ainda é incerta, e a população aguarda respostas sobre o futuro da obra. Enquanto isso, a draga quebrada e a falta de esclarecimentos por parte dos responsáveis geram descontentamento e críticas sobre a gestão e execução de um projeto que, desde seu início, já enfrentava desafios significativos.
Principais números da obra em Ponta Negra
- Investimento total: R$ 73 milhões
- Previsão inicial de duração: 94 dias, com atividades 24 horas por dia
- Extensão do Aterro: 4 km (entre a Via Costeira e o Morro do Careca)
- Faixa de areia após conclusão:
- Maré Baixa: Até 100 metros
- Maré Cheia: Até 50 metros
- Quantidade de areia movimentada: 1 milhão de metros cúbicos
- Capacidade da draga: 2800 metros cúbicos por viagem (equivalente a 700 caminhões de areia)
- Distância da jazida submarina: 7 km da costa, localizada na altura de Mãe Luiza
Fonte: Agência Saiba Mais