A Câmara Municipal de Tangará apreciará, nesta terça-feira (5), dois pedidos de impeachment contra o prefeito Dr. Airton (PDT), um por improbidade administrativa e possível crime de responsabilidade e outro por ter se ausentado por mais de 15 dias da cidade e da administração. Conforme a denúncia apresentada, o gestor teria terceirizado o comando do município a um de seus sete filhos, que estaria levando a cidade ao caos administrativo e financeiro, com demissões e atrasos de salários e aposentadorias dos servidores inativos e pensionistas.
Os pedidos estavam em análise pelo setor jurídico da Casa e estão bem fundamentados, segundo uma fonte que pediu para não ser identificada. O processo por improbidade e crime de responsabilidade é referente ao fato de Dr. Airton acumular três remunerações distintas: o de militar do Exército; o de médico do governo do RN e o de prefeito, chegando a um valor que ultrapassa o limite legal da legislação brasileira, conforme o parágrafo 10 do artigo 37 da Constituição Federal.
Hoje, Dr. Airton tem o apoio da maioria dos 11 vereadores do município, entretanto, há vereadores da base aliada que já afirmam que votarão a favor do impeachment, o que estaria causando um “desmoronamento” do apoio ao gestor, com a saída de vários parlamentares. Em fevereiro passado, os primeiros vereadores deixaram de apoiá-lo após tentarem, em vão, se reunir com ele, o que causou desgaste entre os parlamentares, incluindo o ex-presidente Wilson Fonseca (PDT), que rompeu oficialmente com o gestor.
A presidente da Câmara, vereadora Ana Viana, confirmou que os dois pedidos de impeachment serão apreciados pelos vereadores, que decidirão se eles seguem tramitando ou não. “Está em pauta. Eu não posso afirmar uma decisão que não é só minha, mas não posso pagar uma culpa que não é minha, e povo me cobrava muito. E eu sou pelo povo de Tangará”, disse.
A parlamentar disse que o terceiro pedido de impeachment será apreciado nas próximas semanas, após parecer jurídico. Enquanto isso, a situação política do prefeito de Tangará, e da própria administração da cidade está se tornando insustentável. Em setembro passado, pelo menos oito imóveis sob a administração municipal ficaram sem energia elétrica após terem o fornecimento suspenso pela Cosern por atraso no pagamento.
Filho do prefeito pede interdição do pai
Além dos três pedidos de impeachment, o prefeito de Tangará, Dr. Airton, de 72 anos, vive um dilema causado por sua saúde física e mental debilitadas e o isolamento de parte de sua família, provocada por parte de seus sete filhos, conforme um deles, Magdiel Bezerra explicou ao Diário do RN nesta segunda. Ele move um processo de interdição contra o pai, alega que sua irmã Elane afastou Airton do convívio familiar e assumiu, nos bastidores, a gestão do município.
“A ação de interdição foi movida por mim. O motivo é que meu pai estava em tratamento de problemas de memória e articulação de fala e pensamentos desde 2020, e o quadro vem se agravando desde então, pois minha irmã Elane afastou ele do convívio de todos os meus irmãos. Além disso, tem se aproveitado da situação para comandar a Prefeitura de Tangará no lugar do meu pai, usurpando o lugar dele”, lamentou.
Magdiel disse que o processo de interdição está em segredo de justiça e que, apesar de não poder dar detalhes, este “está bem adiantado”. Ele disse que, pelo quadro médico que seu pai apresenta, é grande a chance de Dr. Airton ser retirado da Prefeitura, com os dois pedidos de impeachment sendo aceitos pela Câmara de Vereadores.
“Eu acredito que sim, pois ouvi testemunhos de pessoas que tiveram contato com ele pessoalmente e ele aparenta sempre estar ‘fora de sintonia’, nas palavras dessas pessoas. Além disso, Elane tem tentado blindá-lo em várias ocasiões, faltando inclusive audiências na justiça. E que a irmã não deixa o pai ter nenhum tipo de contato com ele e os outros filhos.
“Nem celular ela deixa ele ter mais. Meu pai tem sete filhos. Três estão do meu lado e apoiam a minha decisão de tentar interditá-lo e retirá-lo do poder de Elane, enquanto outros dois estão do lado dela. Eu não tenho contato nem com ela, nem com esses dois irmãos que estão com ela”, disse.
Ele disse ainda que não há laudo médico que ateste a atual situação clínica de dr. Airton e que o “objetivo do processo de interdição é justamente esse, pois como nós (os outros filhos) não temos acesso a ele, não temos como leva-lo a um médico, daí a necessidade da perícia determinada pela Justiça. O que conseguimos foi uma declaração da clínica onde ele era atendido em 2020.
Para Magdiel, a tristeza maior é ver o nome de Dr. Airton sendo relacionado a irregularidades administrativas. “O pior de tudo é que ela (Elane) tem cometido muitas irregularidades na Prefeitura e como, até o momento, ele está perante a justiça como uma pessoa plenamente capaz, os inquéritos abertos pelo Ministério Público são contra meu pai. O processo de interdição e curatela é também por achar muito injusto que ele pague pelos absurdos cometidos por ela”, desabafou.