ESSA TAL LIBERDADE
Silenciar a voz opositora é uma das armas, em uma guerra. Seja ideológica, política ou territorial, a guerra busca elencar um vencedor e um perdedor. Às vezes, nem sempre o perdedor é o silenciado. Mas, com certeza, quem se cala, por medo ou ressalvas, sai perdendo. A liberdade de pensamento é um dos exemplos na Espiral do Silêncio. Para quem não a conhece, a Espiral do silêncio é uma teoria da ciência política e comunicação de massa proposta em 1977 pela alemã Elisabeth Noelle-Neumann. Neste modelo de opinião pública, a ideia central é que os indivíduos omitem sua opinião quando conflitantes com a opinião dominante, devido ao medo do isolamento, da crítica, ou da zombaria. Trazendo para o contexto atual, é o receio à cultura do cancelamento, quando se trata das redes sociais e da mídia de massa.
No Brasil, o receio vem com o advento da ditadura do judiciário. Perfis cancelados, parlamentares e influencers silenciados, jornalistas presos ou forçados a saírem de seus empregos. Na base da pirâmide está o cidadão civil, que, até então, tinha a sua liberdade assegurada pela Constituição Federal, temeroso se pode falar, criticar e até duvidar do sistema de governo do seu país.
Recentemente, esse mesmo cidadão se viu acuado com a possibilidade de não poder expressar a sua indignação com um ex-presidiário, condenado em várias instâncias e blindado pelo judiciário, que concorreu às eleições presidenciais, sem poder chamá-lo de LADRÃO.
Logo, logo, algum “pacifista do discurso” vai dizer que é crime chamar quem roubou de ladrão. Alguns até já chamam de vítima da sociedade, suspeito ou infrator. Não é por acaso. É um método. A Espiral nos prova isso. E como pobres e meros mortais somos sujeitos às leis desse país. Mesmo assim, somos calados por leis imaginárias e por crimes não tipificados na legislação. Mas temos os guardiões da Constituição. Eles deveriam nos garantir o direito de opinião. Deveriam. Então, o que fazer? Para onde ir? A quem recorrer? Enquanto me sobra o direito de fazer essas perguntas, seguirei fugindo da mordaça que busca silenciar não só a minha voz, mas o meu pensamento.
Graças ao espaço democrático que temos no Diário do RN, a Espiral do Silêncio não venceu. A liberdade cantou e falou. Isso só foi possível por causa da qualidade dos nossos leitores e o desejo de permanecermos livres. Agora, a liberdade buscará novos espaços e mentes.
Sendo combativos, democráticos e desfrutando dessa tal liberdade.