Em 2007, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 02 de abril como data mundial para conscientização sobre o autismo. Anualmente, cartões-postais ficam iluminados em azul para chamar a atenção da sociedade. No Brasil, o mais famoso é o Cristo Redentor. Outros exemplos pelo mundo são o Empire State Building (nos EUA), a Torre Eiffel (na França), a CN Tower (no Canadá), e ainda as pirâmides do Egito. Em 2024, o debate gira em torno do tema “Valorize as capacidades e respeite os limites!“.
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição de saúde caracterizada pelo déficit na comunicação social (socialização e comunicação verbal e não verbal) e comportamento (interesse restrito ou hiperfoco e movimentos repetitivos). Não há só um, mas muitos subtipos do transtorno e por isso se usa o termo “espectro”, abrangendo os vários níveis de suporte que essas pessoas possam necessitar.
O Diário do RN conversou com Manu Ribeiro, mãe de Pedro, um menino de 8 anos, habilidoso nas artes e que ama desenhar. “Se deixar, só quer fazer isso”, conta a mãe orgulhosa que também relata que nunca passou por uma situação embaraçosa, causada por algum tipo de preconceito, mas sente o julgamento muitas vezes fruto da falta de conhecimento sobre o assunto que acaba levando as pessoas a não saberem como agir em determinadas situações.
SINAIS QUE CHAMARAM ATENÇÃO
Manu conta que, até os 2 aninhos, Pedro era uma criança com desenvolvimento dentro do “normal”. “Após essa idade, percebemos que ele não evoluía a fala, não interagia com os amiguinhos e gostava muito de pular e se movimentar em círculos. Levamos ao pediatra e ele pediu para colocar urgente na escola e começar a observar. Melhorou um pouco, porém a escola também sinalizou que precisaria de uma avaliação mais profissional de neuropsicologia. E assim marcamos a primeira consulta com a neuropediatra”
O DIAGNÓSTICO
“Na primeira consulta, a neuro já passou as primeiras terapias para colher informações de uma equipe multidisciplinar para que pudesse ser fechado o diagnóstico. Com esse tempo de avaliações, veio a pandemia e infelizmente tivemos que diminuir as terapias assim como a escola e acabou atrasando o diagnóstico. Aos 5 anos, após voltar os atendimentos pós pandemia, conseguimos fechar o diagnóstico e com isso aumentar o fluxo de terapias pelo plano de saúde”.
ACEITAÇÃO DO DIAGNÓSTICO
“Como desde o início já percebemos e começamos a investigar, não tivemos grandes impactos pois o intuito sempre foi fazer ele evoluir com o acompanhamento terapêutico. Isso contribuiu muito para o desenvolvimento dele, a “aceitação do diagnóstico”. Que de certa forma é um ponto importante e difícil para muitas famílias. Acredito também que, pelo fato de ser formada em Enfermagem, por mais que não seja atuante na área, sempre tive a mente muito aberta e juntei forças para ajudar ele”.
DESAFIOS
“Além dos julgamentos da sociedade que ainda precisa de muito conhecimento para saber conviver com um autista, temos os desafios comportamentais que os mesmos enfrentam no dia a dia. Cada autista é único, assim como cada pessoa, todos possuem suas particularidades. Pedro tem muitas questões comportamentais que acabam dificultando algumas áreas de desenvolvimento cognitivo e de aprendizagem na parte de alfabetização. Porém a luta é diária e as evoluções também”.
A VIDA ESCOLAR
“A primeira escola foi uma creche integral, aos 3 anos de idade, e que realmente me ajudou bastante com a evolução dele tanto pedagógica como de socialização. Estudou lá do nível 1 ao 5 e só saiu porque não tinha o primeiro ano. Foi aí onde veio o primeiro desafio: colocar em uma escola de grande porte e que poderia dificultar o processo de aprendizagem pelo fato dele demandar mais atenção. Porém, até o momento não tenho problema com a atual escola. Ao chegar no primeiro ano ele foi muito bem recebido pela turminha e o trabalho para essa inclusão foi fundamental. A maioria dos amiguinhos estão juntos até hoje”.
MOMENTO MARCANTE
“Marcado positivamente foi a primeira apresentação da escola de “Dia das Mães” que ele se apresentou em público no auditório! Isso aconteceu no seu primeiro ano em uma escola grande.
Fiquei surpresa com essa conquista dele! Porém, o que mais marca positivamente são as pequenas evoluções diárias que conseguimos identificar e que servem como combustível para fortalecer essa jornada que não é fácil, mas se torna gratificante”!