O advogado Andrew Farias, que faz sustentação oral em defesa do general Paulo Sérgio Nogueira, afirmou nesta quarta-feira (3) que o ex-ministro da Defesa tentou “demover” o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “de qualquer medida” de tentativa golpista. A fala ocorreu no plenário da Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal).
“O general Paulo Sérgio tentou fazer com que o governo desmobilizasse as pessoas, para as pessoas saírem de lá [manifestações em frente ao Quartel-General]. Estava tentando convencer o presidente a não cair, nesses assessoramentos de grupos radicais”, argumentou o advogado.
Segundo a defesa, o general temia que autoridades do alto escalão militar aderissem às manifestações públicas contra as eleições e, por isso, convocou uma reunião para evitá-las.
“O receio do general Paulo Sérgio [era] com alguma liderança militar, levantasse o braço e rompesse”, disse.
O advogado também defendeu que o general não fazia parte de uma organização criminosa.
Julgamento do suposto plano de golpe
O segundo dia de julgamento começou nesta quarta-feira com as defesas dos réus. O primeiro advogado a realizar a sustentação oral foi Matheus Milanez, que tem Augusto Heleno como cliente.
Depois, os advogados de Bolsonaro começaram a realizar a defesa do ex-presidente. A defesa de Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa do país, também fez a sustentação oral.
Os votos dos ministros para condenar, ou absolver, os oito réus do chamado núcleo 1 do julgamento deve começar na próxima terça-feira (9), após o fim das sustentações orais das defesas.
Quem são os réus do núcleo 1?
Além do ex-presidente Jair Bolsonaro, o núcleo crucial do plano de golpe conta com outros sete réus:
- Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-presidente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);
- Almir Garnier, almirante de esquadra que comandou a Marinha no governo de Bolsonaro;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro;
- Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) de Bolsonaro;
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa de Bolsonaro;
- Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo de Bolsonaro, candidato a vice-presidente em 2022.
- Por quais crimes os réus estão sendo acusados?
Bolsonaro e outros réus respondem na Suprema Corte a cinco crimes. São eles:
- Organização criminosa armada;
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- Golpe de Estado;
- Dano qualificado pela violência e ameaça grave;
- Deterioração de patrimônio tombado.
A exceção fica por conta de Ramagem. No início de maio, a Câmara dos Deputados aprovou um pedido de suspensão da ação penal contra o parlamentar. Com isso, ele responde somente aos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
Cronograma do julgamento
Foram reservadas pelo ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma, cinco datas para o julgamento do núcleo crucial do plano de golpe. Veja:
- 2 de setembro, terça-feira: 9h às 12h (Extraordinária) e 14h às 19h (Ordinária)
- 3 de setembro, quarta-feira: 9h às 12h (Extraordinária)
- 9 de setembro, terça-feira: 9h às 12h (Extraordinária) e 14h às 19h (Ordinária)
- 10 de setembro, quarta-feira, 9h às 12h (Extraordinária)
- 12 de setembro, sexta-feira, 9h às 12h (Extraordinária) e 14h às 19h (Extraordinária)
*Com informações da CNN