Por Antonio-Alberto Cortez
Em 2017, por ocasião do “II Simpósio Internacional de Moléculas Bioativas e Bioprocessos de Organismos Aquáticos – SIMBOA”, patrocinado e realizado no Auditório da FIERN, tomamos conhecimento das potencialidades da macroalga Kappaphicus alvarezii, objeto de estudo e interesse de muitos especialistas internacionais e brasileiros. Este autor é apenas um curioso e expectador do cenário socioeconômico atual.
Diante do potencial da referida alga e das inúmeras e inequívocas possibilidades de aproveitamento de seus componentes, convidamos o Prof. Maulori Cabral, da UFRJ, também Coordenador do PROALGA, para uma série de apresentações sobre a maricultura algácea, tanto no âmbito da UFRN como em várias instituições – SAPE/RN, SEBRAE, MAPA/SUPER-RN, IBAMA/SUPER-RN, FAERN, BANCO DO NORDESTE/SUPER-RN, BANCO DO BRASIL/SUPER-RN, IHGRN, III DISTRITO NAVAL, SEDEC/RN, FIERN, empresas NORTEPESCA, MAR ABERTO e SUDENE. Em 2019, patrocinado pela Prefeitura de Macau e organizado pela Secretaria Municipal de Pesca e Agricultura realizou-se o “I WORKSHOP SOBRE ATIVIDADES ESTRATÉGICAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL”, com foco na problemática das arboviroses urbanas e nas estratégias para instalação de cultivos da macroalga Kappaphicus alvarezii. A proposta inicial teria, como projeto piloto o distrito de Diogo Lopes, buscando-se parceria com os que fazem a Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Ponta do Tubarão e Colônia de Pescadores Z-41.
Entretanto esta não é uma luta fácil. O IBAMA, desde 2008, limita, por cuidados ambientais, o cultivo da K. alvarezii aos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e, mais recentemente, à Santa Catarina. De fora, portanto, todo o restante do litoral brasileiro, muito embora sejam as águas nordestinas o que apresentam condições ideais de cultivo por sua localização próxima à linha do Equador. Uma experiência de quase duas décadas realiza-se em Pitimbu/PB e nada de anormal foi verificado quer nos entornos, quer em pontos mais distantes.
Em 2020, contato entre a Secretária da Agricultura, da Pecuária e da Pesca do RN e a Secretaria de Aquicultura e Pesca do MAPA propôs a possibilidade de cultivar a K. alvarezii. O assunto foi encaminhado ao IBAMA/DF. Um grupo de trabalho elaborou o estudo “Promoção de Análises Técnicas para Fundamentação do Pedido de Liberação para o Cultivo da Macroalga Kappaphicus alvarezii no Rio Grande do Norte”, novembro de 2020. Recentemente, novo documento foi remetido ao mesmo órgão ambiental, intitulado “Relatório Técnico Referente ao Cultivo Experimental de Macroalgas da Espécie Kappaphicus alvarezii em Ambiente Marinho Fechado, no Estado do Rio Grande do Norte”, com pedido de consideração dos dados estendidos ao Nordeste brasileiro.
Relembramos que a K. alvarezii tem subprodutos estratégicos, dentre estes o potássio, bem como outros elementos fundamentais à indústria alimentar, de fármacos e cosméticos. Cultivar macroalgas é produzir alimentos, é gerar ocupação, renda ao tempo em que contribui para o sequestro de carbono, ou seja, para uma atmosfera mais limpa e um clima igualmente saudável.