Por Fábio Pacheco
Em época de mundial, vale lembrar que o Rio Grande do Norte já teve três atletas que disputaram a Copa do Mundo. Além do eterno Marinho Chagas, o mais conhecido e reverenciado, foi o mossoroense Dequinha quem abriu caminho em 1954, quando acabou convocado pelo técnico Zezé Moreira para o mundial na Suíça. O terceiro potiguar não vestiu a amarelinha, mas sim a camisa do México, o itajaense Sinha, em 2006.
De acordo com o pesquisador Marcos Trindade, a trajetória do meio-campista José Mendonça dos Santos, o Dequinha, começou em 1947, quando veio do Potiguar de Mossoró para o ABC, onde foi campeão estadual. Em 1949 se transferiu para o América de Recife e em seguida para o Flamengo. Os títulos cariocas e as excelentes atuações renderam a convocação para a Copa do Mundo da Suíça de 1954.
“Dequinha era um centro-médio de técnica refinada, habilidoso e de estilo clássico. Seu forte era o passe preciso e a disciplina” explica Trindade. Por conta da concorrência, que tinha Didi no meio-campo, Dequinha não conseguiu atuar em nenhuma partida na Suíça. A seleção de Djalma Santos, Nilton Santos e Cia terminou a Copa de 54 em quinto lugar. No geral, Dequinha jogou sete partidas com a camisa da seleção e não fez gol. Faleceu em 1997, em Aracaju, onde residia.
Depois de Dequinha, muitos tiveram a sorte de assistir Marinho Chagas, conhecido por “Diabo Loiro” e “Bruxa”. O lateral-esquerdo que despontou profissionalmente no Riachuelo, em 1969, se transferiu para o ABC, depois o Náutico-PE e finalmente o Botafogo-RJ, onde mostrou o seu futebol para todo o Brasil e chamou a atenção do técnico da seleção, Mário Jorge Lobo Zagallo.
Marinho foi convocado para a Copa de 1974 e transformou-se num dos destaques do Brasil e de toda a Copa, jogando as sete partidas, infelizmente não fez nenhum gol, mas como era muito ofensivo, serviu de garçom aos companheiros de ataque. No geral, pela Seleção Brasileira, fez 36 jogos e quatro gols. Faleceu em 2014, na cidade de João Pessoa-PB.
“Marinho Chagas foi um jogador de estilo elegante, de um futebol vistoso, vibrante e ofensivo, apesar de jogar na lateral. Um jogador que antecipou o seu tempo, atuando como ala. Um fato marcante é que quatro anos depois de ter saído do futebol potiguar, disputou a Copa do Mundo”, lembra o pesquisador.
Do Vale do Açu para a seleção do México
O terceiro potiguar a disputar uma Copa do Mundo foi Antônio Naelson Matias, o Sinha, mas não com a amarelinha.
Natural de Itajá, o meio-campista começou a jogar profissionalmente na Desportiva do Vale em 1992. Depois atuou pelo América de Natal e em 1994 se transferiu para o Rio Branco-SP, jogando ainda no América de Rio Preto em 1997.
A mudança na vida de Sinha começou quando se transferiu para o futebol do México, onde fez história no Toluca, sendo campeão nacional seis vezes. Jogador diferenciado, Sinha se naturalizou mexicano e passou a atuar pela seleção, sendo convocado para a Copa do Mundo de 2006. Na equipe mexicana, atuou entre os anos de 2005 e 2013, fez 59 partidas e seis gols. Com 46 anos, atualmente ele mora no México.
“Sinha saiu de uma região, Itajá, de grandes jogadores, passou praticamente despercebido pelo futebol potiguar. Meio-campo de marcação forte, passes precisos e de bom chute, se destacava ainda pela boa visão de jogo. Era inteligente na armação de jogadas”, encerrou o pesquisador do futebol potiguar, Marcos Trindade.