COMO FALAR E COMO OUVIR: A VOZ E O SILÊNCIO
Os cursos para melhorar a fala e o modo de expressão proliferam. Porém, a prática do silêncio para melhor ouvir quase inexiste. As pessoas adeptas as filosofias orientais, como o budismo, ou da meditação ainda desenvolvem essa rara habilidade de expressar o silêncio e a arte de saber ouvir. Por outro lado, perceber o poder da voz como o potencial de expressão é algo que poucas vezes ouvi mencionar no mundo dos negócios.
Aprendemos na escola um padrão de leitura que obedece aos pontos finais, às vírgulas, às reticências, porque, de fato, essa sinalização indica paradas criadas pelo o autor em sua liberdade autoral e estética, conforme padrões estabelecidos em sua época, essas breves paradas são instantes de silêncio. Silêncio criativo.
No entanto, o texto, como obra autoral, autônoma e independente, permite a liberdade do leitor, afinal, ao ler, o leitor recria o texto. O som, como expressão da voz, é individual, portanto, original. Ora, quem escreve? Onde estão e como são as regras sobre “como ler” ou “como expressar-se “? E como podemos nos beneficiar, na vida pessoal e profissional, desse potencial e quase ilimitado do poder da voz?
Como usar o silêncio e a voz nas relações do dia-a-dia, por exemplo, ao ouvir orientações de chefias, ao negociar, ao discutir temas, ideias e projetos polêmicos com colegas na empresa?
O filósofo grego Plutarco escreveu sabiamente em seu “Elogio do Silêncio “: “Quando se joga bola, quem a apanha deve movimentar-se num ritmo de harmonia com quem lança. De igual modo, nos discursos há uma certa harmonia entre aquele que discorre e o ouvinte, se cada um dos dois observa o que lhes compete”. O mesmo Plutarco avalia “ Quem se acostumou a ouvir com autodomínio e respeito, acolhe e retém o que é útil, discerne e reconhece melhor o que é inútil ou falso, mostrando-se amante da verdade e não sendo precipitado e genioso. ”
Explorar o ouvir, o poder das vozes e das pausas silenciosas é um auto aprendizado pela sensibilidade que amplia a força da comunicação, da mensagem, do sentido.
Lembre-se que o silêncio é mais forte do que a voz ou a palavra.