Por Carol Ribeiro
Após a controversa Operação Contenção no Rio de Janeiro, que mobilizou o debate nacional sobre o combate à organização criminosa Comando Vermelho e a letalidade policial, as diferentes visões sobre a segurança pública ecoaram na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. O Diário do RN ouviu novos posicionamentos dos deputados Luiz Eduardo (SD) e Francisco do PT (PT), que divergem sobre a situação carioca.
O deputado Luiz Eduardo alinhou-se à tese de que a ação policial no Rio de Janeiro representa um esforço legítimo para retomar o controle de áreas dominadas pelo crime organizado, destacando a falta de apoio federal como um agravante. “Vemos a polícia combatendo o narcoterrorismo, sem apoio do governo federal”, afirmou o parlamentar.
Para ele, a motivação da megaoperação foca na liberdade aos cidadãos, transcendendo a simples repressão. “O estado [do Rio] está trabalhando para retomar territórios perdidos, para devolver a liberdade da população, que é a maior vítima dessa guerra”, pontuou.
Ao avaliar o Rio Grande do Norte, o deputado opositor do PT reconheceu os avanços, mas manteve uma postura de cautela, frisando que os desafios ainda são enormes e afetam diretamente o cotidiano da população.
“A segurança do RN ainda tem sérios problemas para serem resolvidos, refletindo diretamente na qualidade de vida da população. A violência urbana, o tráfico de drogas e a falta de estrutura das forças policiais são desafios constantes”, detalhou, apesar de reconhecer os investimentos do Governo do Estado em efetivo e tecnologia.
“Apesar dos esforços do governo em ampliar o efetivo e investir em tecnologia, os resultados ainda são limitados. A carência de políticas públicas eficazes e de oportunidades sociais agrava a situação. É necessário um trabalho conjunto entre Estado e sociedade para alcançar uma segurança realmente duradoura”, concluiu Luiz Eduardo.
Já o deputado Francisco do PT reafirmou sua linha de crítica ao modelo de confronto de alta letalidade adotado no Rio de Janeiro. Para ele, o resultado da operação indica mais uma postura de marketing político do que eficácia real no combate ao crime: “O saldo com tantas mortes, segundo especialistas, indica que a operação foi mais uma ação espetaculosa do que uma ação êxitosa de combate ao crime”, sentenciou.
O parlamentar lamentou as consequências humanitárias e sociais da Operação Contenção, destacando a falta de estratégia de longo prazo: “Além das vidas de policiais e civis, ainda expôs a população das comunidades a riscos de mais mortes, causou pânico e impactou a cidade de várias formas, inclusive na mobilidade. O que ficou nítido foi a falta de planejamento e de inteligência, inclusive para garantir a ocupação de territórios controlados pelo crime e sufocar financeiramente tais organizações criminosas”, ressaltou o líder do governo na Assembleia.
Em contraste com o cenário fluminense, Francisco do PT destacou os avanços do Rio Grande do Norte, atribuindo o sucesso a uma gestão integrada e à parceria com o Governo Federal.
“No RN, temos assistido a avanços nesta área. Saímos da posição de um dos Estados mais violentos do país para ocupar a posição de quarto estado menos violento. Isso é fruto de um trabalho muito integrado de nossos setores de segurança nas mais diversas áreas e também de uma importante parceria com o governo federal e outras instituições”, celebrou o deputado do PT.
Ele finalizou destacando sua atuação parlamentar na área: “Temos projetos aprovados para a segurança das mulheres vítimas de violência, de combate aos crimes de pedofilia e requerimentos solicitando melhorias para a segurança de modo geral. Além disso, temos destinado emendas parlamentares para a área da segurança pública”, concluiu Francisco.
Retranca: Coronel Araújo alerta para batalha integrada
Em meio ao debate gerado sobre a crise no Rio de Janeiro, o secretário de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social do Rio Grande do Norte, Coronel Francisco Araújo, reforçou a estratégia de atuação integrada no combate à criminalidade local e apresentou números que consolidam a queda de diversos crimes no Estado do RN, embora admita que a batalha contra as organizações criminosas é contínua.
“Todos os esforços de todas as instituições de segurança pública estão sendo feitos para enfrentamento à criminalidade e à violência”, assegurou o secretário em conversa com o Diário do RN, ressaltando o trabalho em conjunto. Ele frisou a “abnegação dos homens e mulheres que compõem a força de segurança e que trabalham de forma integrada” com a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Penal e Guardas Municipais. O secretário citou, como exemplo da sinergia, operações recentes realizadas em parceria com a Polícia da Paraíba e a Polícia Federal, que “fortalece o trabalho de inteligência, fortalecendo as investigações”.
Os dados consolidados pela Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análises Criminais (COINE) da SESED confirmam a redução em crimes patrimoniais no período de janeiro a setembro de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024. A queda é notável em diversas frentes: roubos de veículos (-34,7%), assaltos em via pública (-34%), assaltos a estabelecimentos comerciais (-31,6%) e roubos a residências (-34,6%). O combate aos roubos e furtos de celulares também teve um impacto significativo, com redução de 30,7% nos roubos e 6,5% nos furtos.
Apesar da consolidação da queda na criminalidade patrimonial, a SESED registrou um aumento nos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs), que saltaram de 565 para 653 casos no mesmo período de comparação (janeiro a setembro de 2024/2025), um acréscimo de 15,6%. Contudo, o Coronel Araújo mantém o otimismo: “A expectativa da SESED é de fechar o ano de 2025 com redução no índice de mortes violentas, mantendo a queda que vem se consolidando nestes últimos sete anos”, finalizou.
 
		
 
									 
					