Um dos principais cartões-postais do Rio Grande do Norte, a praia de Ponta Negra receberá um conjunto de obras para melhorar a infraestrutura na região. São obras de enrocamento, drenagem e engorda da faixa de areia, que contará, segundo o prefeito Álvaro Dias (PSDB), com um investimento de R$ 95 milhões.
Após dez anos das primeiras estruturas de enrocamento terem sido feitas, com a colocação de pedras para a contenção das ondas, um novo projeto mais moderno pretende recuar o avanço do mar na região estendendo a faixa de areia em até cem metros.
A primeira etapa do serviço de proteção costeira, a cargo da Edcon Construções LTDA, tem investimento de R$ 23 milhões e, segundo o secretário de Infraestrutura de Natal, Carlson Gomes, a nova contenção terá aproximadamente 1.173 metros de extensão e será construída partindo do hotel Serhs, na Via Costeira, indo de encontro a estrutura já construída nas proximidades do Morro do Careca, com a instalação de cerca de 19 mil blocos pré-moldados tipo “lego”.
A ordem de serviço para o começo desta 1ª etapa da obra foi assinada em solenidade na Prefeitura de Natal, pelo prefeito, no dia 11 de outubro deste ano. No evento, foi anunciado que as obras tinham um prazo de cinco dias, a contar da assinatura do termo, no entanto, elas ainda não começaram. A Prefeitura informou que a falta de fornecedores dos blocos que serão utilizados atrasou o início das obras, mas que o problema já foi solucionado. A previsão é que o empreendimento comece a ser executado até o final deste mês de dezembro.
A segunda etapa da obra será a readequação da drenagem que, com o objetivo de diminuir a velocidade com que as águas pluviais chegam à praia, deve ser realizada antes, ou durante, o processo de aterramento, ou engorda. Essa última etapa do processo irá aterrar cerca de 4,4 toneladas de areia, a fim de aumentar a faixa de areia em Ponta Negra. A prefeitura informou que a licitação para as últimas etapas da obra está prevista para fevereiro de 2023.
IMPACTOS DA OBRA
No último dia 17 de novembro, foi realizada uma audiência pública, promovida pela Prefeitura de Natal e o Instituto de Defesa do Meio Ambiente do RN (Idema). A audiência, comandada por Itan Cunha, representante do Idema, teve a participação de autoridades, além de representantes da comunidade. Nela, foi apresentado o projeto, inclusive com os detalhamentos do Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), em seus vários aspectos ambientais e socioeconômicos.
Na reunião, a mesa com representantes da Prefeitura e da empresa Tetratech, responsável pelo estudo, recebeu cerca de 400 perguntas, segundo a organização do evento.
Nesta segunda-feira, a reportagem do Diário do RN conversou com ambulantes que trabalham na orla da Praia de Ponta Negra e relataram que as expectativas para a obra são uma mistura de otimismo e preocupação.
José Marcos, que é morador de Ponta Negra há mais de 25 anos e trabalha desde 2008 na praia, nos últimos 4 anos como ambulante na orla, é otimista quanto ao futuro dos trabalhadores que atuam na região. Ele acredita que as obras de modernização, atreladas a legalização dos ambulantes, vai aumentar o interesse dos turistas no principal cartão-postal da capital potiguar.
No entanto, a principal preocupação de Marcos, que é membro de uma associação de trabalhadores que atuam na orla de Ponta Negra, é com os impactos sociais do empreendimento, que será realizado em etapas, de 200 metros por vez, para minimizar os impactos no turismo. “Não sabemos como vai ficar nossa situação quando a obra estiver mais próxima do Morro do Careca, seremos colocados em outros trechos da praia? Se houver uma diminuição dos banhistas teremos algum auxílio? ”, questiona Marcos.
Diante desse relato de medo, a reportagem do Diário do RN entrou em contato com a Prefeitura de Natal para questionar quais atitudes seriam tomadas sobre os impactos socioeconômicos para os trabalhadores da praia de Ponta Negra, mas até o fechamento desta edição, não fomos respondidos.