Por Ednilza Ramos
O câncer do colo do útero é um dos mais frequentes entre as mulheres, e sua principal causa é a infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), um vírus sexualmente transmissível. Atualmente, a vacina, distribuída gratuitamente pelo SUS, é considerada uma medida preventiva eficaz contra a infecção. Apesar disso, a vacinação contra o HPV ainda enfrenta desafios de adesão, especialmente entre adolescentes e jovens. Para ampliar a proteção da população, a Secretaria Municipal de Saúde de Natal decidiu expandir a oferta da vacina para pessoas de até 19 anos.
Com a mudança, adolescentes e jovens entre 15 e 19 anos que não tomaram nenhuma dose da vacina anteriormente poderão se imunizar gratuitamente nos pontos de vacinação da cidade. A imunização também é recomendada para crianças e adolescentes entre 9 e 14 anos.
A chefe do Núcleo de Agravos Imunopreveníveis (NAI), Veruska Ramos, faz um apelo para que esse público aproveite a oportunidade: “Convidamos esses jovens a procurarem um ponto de vacinação para receberem a proteção contra o HPV, principalmente aqueles entre 15 e 19 anos que não tomaram a vacina no período em que eram público-alvo e que agora contam com essa nova chance.”
Proteção contra o vírus e tipos de câncer
O HPV está relacionado a diversos tipos de câncer, além do colo do útero, como os de pênis, ânus, boca e garganta. A vacina oferecida pelo SUS é quadrivalente, protegendo contra os subtipos 6, 11, 16 e 18, sendo os dois últimos responsáveis por cerca de 71% dos casos de câncer do colo do útero.
A chefe do NAI destaca que o HPV tipo 16 e tipo 18 são os mais agressivos: “Eles estão envolvidos em quase 100% dos casos de câncer de colo do útero, mas também podem levar a outros tipos de câncer, como anal, de vulva, de vagina, de pênis e de orofaringe.”
Sintomas de HPV
Embora o HPV não apresente sinais na maioria dos casos, quando surgem, eles variam de acordo com o sexo. No homem, o principal sintoma são as verrugas genitais, que têm uma aparência semelhante à de uma couve-flor. Além disso, caroços e feridas no pênis, bolsa escrotal, ânus, boca ou garganta são lesões que devem ser investigadas. Importante destacar que a ausência de sintomas não significa ausência de infecção.
Nas mulheres, a maioria das infecções por HPV também não provoca sinais. Quando presentes, os sintomas podem incluir lesões genitais visíveis, como verrugas, e alterações no colo do útero, que podem ser detectadas em exames de rotina.
Esquema vacinal e grupos prioritários
Para crianças e adolescentes entre 9 e 14 anos, a vacina continua sendo aplicada em dose única.
Já para o novo público de 15 a 19 anos, a imunização também será feita com uma única dose.
Além desse grupo, algumas pessoas precisam receber um esquema vacinal com três doses, respeitando o intervalo recomendado entre as aplicações. Esse é o caso de portadores de papilomatose respiratória recorrente (PRR), pessoas que fazem uso da profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP), pacientes oncológicos, transplantados, vítimas de violência sexual e indivíduos vivendo com HIV/Aids. “Esses grupos devem seguir o esquema com três doses: a segunda aplicação ocorre dois meses após a primeira, e a terceira dose é feita seis meses depois da segunda,” diz Veruska Ramos.
Vacinação precoce e segurança da imunização
A vacina contra o HPV é mais eficaz quando aplicada antes da exposição ao vírus, por isso, adolescentes e jovens são o público prioritário. “Ela garante uma resposta imunológica mais eficiente e previne possíveis complicações no futuro,” explica Veruska.
Sobre os efeitos colaterais, a especialista esclarece que, quando ocorrem, costumam ser leves: “A maioria das pessoas não apresenta nenhuma reação. Nos poucos casos registrados, podem surgir dor no local da aplicação, inchaço, febre ou dor de cabeça.”
Onde se vacinar
A vacinação está disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Natal, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 15h. Além disso, há pontos extras de imunização nos shoppings Midway Mall e Partage Norte Shopping, funcionando de segunda a sexta, das 13h às 20h, e aos sábados, das 10h às 15h. Para receber a vacina, é necessário apresentar um documento de identificação e o cartão de vacinação.